Pediatras em risco de “rotura” no hospital de Évora

Médicos assinaram um abaixo assinado contra a falta de pediatras na urgência e a falta de condições das instalações

No Hospital do Espírito Santo de Évora, os pediatras juntaram-se num abaixo-assinado para denunciar o risco de rotura que existe no serviço de urgências pediátricas e para a desadequação das instalações do serviço.

“Dos 22 pediatras que integram o serviço, o documento foi assinado por 21. Só não assinaram todos” porque o pediatra que falta “está de baixa”, explicou à Lusa, Hélder Gonçalves, diretor do Serviço de Pediatria do hospital, que também assinou o documento.

No documento, os médios expressam o “descontentamento com as condições de trabalho e de assistência que são atualmente praticadas no Serviço de Urgência Pediátrica”. “A escala de Urgência de Pediatria está atualmente em rotura”, continuou o pediatra. “Temos atualmente uma equipa exausta, envelhecida, insuficiente para assegurar as necessidades do serviço” e que “trabalha para além dos limites legais e humanamente razoáveis”.

A urgência pediátrica está "sem possibilidade de assegurar a totalidade dos dias de urgência", garante os subscritores. Ainda este mês vão existir "períodos de 12 horas sem pediatra escalado", uma situação que irá acontecer "já este mês". Os médicos temem que haja "necessidade imediata de encerramento da urgência e transferência dos doentes internados na enfermaria de pediatria".

No serviço do Hospital do Espírito Santo de Évora existem apenas sete pediatras na escala da urgência, que funciona todos os dias, 24 horas por dia, uma vez que "os restantes médicos do serviço estão dispensados" devido à idade ou porque "integram a Urgência da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais".

“Estes pediatras são manifestamente insuficientes para o preenchimento dos turnos”, denunciam os pediatras e explicam que “tem sido necessário recorrer à contratação de tarefeiros para a primeira linha”. No entanto, esse recurso só "assegura dois períodos de 12 horas por mês".

Sobre as instalações, os médicos denunciam que o espaço para assistência a doentes até aos 14 anos se mantêm "inalteradas" desde 2001, "apesar do alargamento de atendimento para os 18 anos, sem atender ao aumento de afluxo, características físicas dos adolescentes ou respeito pela sua privacidade", explicam.

Os pediatras dizem ainda que têm feito "inúmeras exposições ao conselho de administração desde 2014, na maioria sem resposta formal".