Assédio. Richard Meier afasta-se do seu ateliê por seis meses

Acusações contra o arquiteto, o mais jovem a receber o prémio Pritzker, vieram a público esta semana num artigo do “New York Times”

Richard Meier, um dos mais conceituados arquitetos do mundo – que em 1984, aos 49 anos, se tornou o vencedor mais jovem do prémio Pritzker – anunciou que se afastará por seis meses do seu ateliê depois de ter sido acusado de assédio por cinco mulheres, em casos ocorridos desde a década de 1980. Segundo o artigo publicado na terça-feira pelo “New York Times”, as queixas são de quatro mulheres que trabalharam com o arquiteto norte-americano ao longo das últimas décadas, e de uma outra que o conheceu durante o desenvolvimento do projeto do Getty Center, em Los Angeles.

A acusação mais antiga diz justamente respeito a este último caso, quando na década de 1980 Meier trabalhava no projeto do Getty Center, durante o qual conheceu a designer Carol Vena-Mondt, que agora contou ao “New York Times” que nessa altura o arquiteto a convidou para um jantar em sua casa para o qual não sabia ser a única convidada. Terá sido aí que Meier procurou forçá-la a ter relações sexuais. “Virei-me e afastei-me dele, e ele agarrou num nos meus braços e começou a arrastar-me pelo corredor, em direção ao quarto”, recorda a designer sobre esse episódio. 

As outras acusações vêm de mulheres que tabalharam com o arquiteto já durante a primeira década desde século. Duas delas contam que Meier se despiu em frente delas no seu apartamento, em Nova Iorque. Como Alexis Zamlich, assistente de comunicação no atelier do renomado arquiteto, que à época  tinha 22 anos, e que conta que lhe foi oferecido um acordo no valor de 150 mil dólares que requeria que os funcionários do atelier recebessem formação contra assédio sexual. 

Já Laura Trimble Elbogen,que trabalhou como assistente de Meier em 2009, contou ao jornal norte-americano que, nessa altura, quando tinha 24 anos, o arquiteto a convidou também para o seu apartamento, onde lhe ofereceu vinho enquanto lhe mostrou fotografias de mulheres nuas, pedindo-lhe depois que se despisse para que pudesse fotografá-la.

Uma outra mulher, Stella Lee, que começou a trabalhar no atelier de arquitetura em 2000, afirma mesmo que na altura foi advertida pela então diretora da comunicação, Lisetta Koe, em relação a Meier e aos seus avanços em relação ao pessoal feminino.

Depois da publicação do artigo no “New York Times”, Meier anunciou ontem num comunicado citado pela imprensa internacional que abandonaria, com efeitos imediatos, o seu atelier por um período de seis meses.

“Estou profundamente perturbado e embaraçado com os relatos das várias mulheres que se sentiram ofendidas pelas minhas palavras e ações. Apesar de as nossas memórias poderem ser diferentes, peço sinceramente desculpa a qualquer pessoa que se tenha sentido ofendida pelo meu comportamento”, explicou o arquiteto.