Fizz. Chamada entre Figueira e Proença de Carvalho ouvida em tribunal

Advogado são-tomense que representou Primagest vai ser ouvido hoje no Campus da Justiça

O coletivo que está a julgar o caso Fizz aceitou um requerimento feito pelo arguido Paulo Blanco – antigo advogado do Estado angolano – para que fosse ouvida ontem em sala de audiência a escuta da conversa telefónica que o antigo procurador Orlando Figueira teve com o advogado Daniel Proença de Carvalho no dia em que o primeiro foi alvo de buscas.

Na chamada, o antigo magistrado do DCIAP, que está acusado de ter recebido subornos do ex-vice-presidente angolano para arquivar investigações, pede a colaboração do conhecido advogado, afirmando estar a ser alvo de buscas. Do outro lado, Proença de Carvalho respondeu que poderia ser mais útil se não fosse seu advogado.

Esta chamada é importante para a defesa de Orlando Figueira e de Paulo Blanco, uma vez que ambos contestam a versão da acusação de que terá sido Manuel Vicente a convidar Figueira para o privado – quando este pediu uma licença sem vencimento em 2012. As defesas dos arguidos garantem que foi o banqueiro Carlos Silva que fez tal convite, uma tese que põe em causa a alegada corrupção, dado que Orlando Figueira não tinha em mãos qualquer inquérito a visar o banqueiro.

Daniel Proença de Carvalho é advogado de Carlos Silva e segundo a defesa de Paulo Blanco e de Orlando Figueira, o facto de o ex-procurador ter sido apanhado nas escutas a pedir auxílio a Proença de Carvalho é mais um dado que mostra como a empresa com a qual assinou um contrato de trabalho – a Primagest – está ligada ao banqueiro, que é presidente do Banco Privado Atlântico e vice-presidente do Millennium BCP e não à Sonangol, como sempre defendeu o MP.

Testemunha de peso em Lisboa Na sessão de hoje será ouvido o advogado são-tomense N’Gunu Tiny que representou sociedades centrais em todo este caso, como a Primagest e a Berkeley.

Na sequência de um pedido feito pelas autoridades portuguesas, a Procuradoria-Geral da República de Angola recusou proceder à inquirição de algumas testemunhas por videoconferência, alegando falta de meios técnicos e enquadramento legal.

N’Gunu Tiny foi um desses casos, mas disponibilizou-se de imediato para vir a Lisboa depor. Num comunicado enviado ao i no mês passado, o advogado disse ter sabido do interesse em ouvi-lo através da comunicação social e foi perentório: “Contactei o meu advogado em Lisboa, solicitando que o mesmo informasse as autoridades judiciais competentes de Portugal da minha disponibilidade, aliás como sempre estive no passado, para prestar qualquer tipo de depoimento que entenderem necessário e conveniente para o caso, inclusivamente de modo presencial, como de resto já o fiz no passado”.