“Figgy”, Lima e Santos queriam mais em Nairobi

Nenhum português conseguiu aproveitar o primeiro Major do Challenge Tour de 2018 para marcar uma posição forte.

O prestigiado Open do Quénia orgulha-se de ter na sua lista de campeões alguns vencedores de torneios do Grand Slam como Seve Ballesteros, Ian Woosnam e Trevor Immelman e em 2018 voltou a ser o torneio inaugural da nova época da segunda divisão europeia.

Três portugueses participaram e se tanto Pedro Figueiredo como Filipe Lima mostraram detalhes positivos, já Ricardo Santos sentiu-se desiludido.

O Barclays Kenya Open celebrou a sua 50.ª edição em Nairobi com uma subida de nível em relação a anos anteriores e ocupou o estatuto que o Open de Portugal deteve em 2017 e que o Madeira Islands Open também ostentou até 2015, ou seja, de ‘Major’ do Challenge Tour.

Há um ano, no Morgado Golf Resort, o Open de Portugal ofereceu meio milhão de euros em prémios, mas em 2018 esse valor desceu para 200 mil.

Em contrapartida, no Muthaiga Golf Club estiveram em jogo 500 mil, uma clara subida em relação aos 220 mil em 2017.

É o mais elevado ‘prize-money’ do ano no Challenge Tour e foi uma oportunidade única de marcar uma posição forte no Ranking do Challenge Tour, sabendo-se que no final da época só o top-15 ascenderá ao European Tour, a primeira divisão.

Compreende-se, por isso, o desabafo de Ricardo Santos no Facebook, depois de ter falhado o cut no Open do Quénia, no 97.º lugar, com 146 pancadas (74+72), 4 acima do Par.

“Não foi um bom arranque de época. O meu jogo curto não esteve como é normal, o que fez com que fizesse muitos bogies”, considerou o antigo top-10 do European Tour, que tinha sido 16.º (-8) no ano passado, 15.º (-8) em 2016.

Pelo contrário, Filipe Lima já por três vezes tinha terminado no top-10 em Nairobi, incluindo um 4.º posto em 2013, e tudo parecia indicar que nova proeza estava na calha depois de iniciar esta 50.ª edição com 4 birdies nos primeiros nove buracos.

Nessa primeira volta, o português residente em França ficou no grupo dos 15.º classificados, com 68 pancadas, 3 abaixo do Par, mas depois foi um sufoco e precisou de 1 birdie no último buraco da segunda volta para passar o cut, após um cartão de 75 (+4).

Uma terceira volta de 78 (+7), na qual cedeu 8 pancadas nos três últimos buracos, atirou-o para o 73.º e último lugar dos que passaram o cut.

Mas o campeão nacional reagiu e no último dia arrancou a terceira melhor marca da quarta volta, de 67 (-4), para encerrar a sua participação no 63.º posto, com 288 (+4), que lhe valeu um prémio de 1.350 euros.

Filipe Lima já conseguiu por quatro vezes na sua carreira ascender ao European Tour via Challenge Tour – é um recordista mundial neste capítulo – e é por isso que mantém uma atitude positiva e despediu-se no Twitter com um elogio para os organizadores do torneio: “Obrigado por este evento fantástico e pela boa preparação do campo”.

Curiosamente, o melhor português em Nairobi foi aquele que nunca tinha jogado bem no torneio (o 50.º lugar em 2015, com -2, fora a sua melhor prestação) e que nem era suposto tê-lo jogado este ano.

Trata-se de Pedro Figueiredo, que, ao contrário de Santos e de Lima, nem entrou diretamente na lista de inscritos. Deveria ter ficado de fora, mas uma das novidades desta 50.ª edição foi a inauguração de uma fase de qualificação e “Figgy” cometeu a proeza de conseguir o top-3 entre 34 candidatos

A qualificação decorreu no VetLab Sports Club e não foi fácil, pois apesar da sua boa volta de 69 (-3), mas só ganhou o apuramento após um play-off de cinco buracos no qual derrotou dois adversários.

“Joguei bastante bem na volta regulamentar, mas falhei alguns putts que não me deixaram fazer um resultado melhor”, disse Pedro Figueiredo à Tee Times Golf.

Já no torneio principal, no Muthaiga Golf Club, o atleta do Benfica começou com o mesmo resultado de 69, embora neste caso representem 2 pancadas abaixo do Par.

Foi um 21.º lugar promissor que se manteve aos 36 buracos, após uma segunda volta de 70 (-1). Simplesmente, tal como Lima, também “Figgy” sofreu na terceira volta e o seu cartão de 76 (+5) atirou-o para o 62.º lugar, impedindo-o de uma boa classificação.

Na última volta, o profissional do Quinta do Peru Golf & Country Club provou que poderia ter brilhado no Barclays Kenya Open e, tal como Lima, somou 67 (-4), a tal terceira melhor marca do dia, subindo para 38.º com um total de 282 (-2).

“Fico um pouco dececionado com a posição final pois sinto que podia ter feito melhor”, admitiu o jogador da Navigator, que embolsou 3 mil euros.

“O mais importante neste campo é o tee shot, pois tem alguns buracos bastante estreitos, nos quais um mau shot pode ser bastante penalizador. Eu tive bem nesse aspeto do jogo, à exceção do terceiro dia, que me custou 4 ou 5 pancadas.   

Confesso que não me senti a jogar de forma brilhante neste torneio, mas minimizei os erros ao máximo, exceto nesse terceiro dia”, concluiu o ex-campeão nacional.

Pedro Figueiredo gostou do percurso desenhado pelo sul-africano Peter Matkovich e inaugurado em 2004, embora o atual back nine tenha sido reconstruído num 9 buracos original de 1914!

O Muthaiga Golf Club orgulha-se de ter “os greens mais rápidos de África Oriental” e Pedro Figueiredo testemunhou-o: “O campo encontrou-se em excelentes condições, com os greens a ficaram cada vez mais duros ao longo da semana devido ao sol que se fez sentir”.

O italiano Lorenzo Gagli conquistou o seu primeiro título no Challenge Tour com 273 (-11), após voltas de 68, 68, 69 e 68, mas precisou de um play-off de três buracos para impor-se ao sueco Jens Fahrbring (72+70+64+67).

Gagli arrecadou 80 mil euros, o prémio mais elevado do ano no Challenge Tour, mais mesmo do que o vencedor da Grande Final, pelo que, ele sim, marcou uma forte posição no arranque da temporada.

E será com esse elã que viajará ao Algarve em maio para o Open de Portugal. Mas antes disso, o Challenge Tour prosseguirá de 12 a 15 de abril, na China.

Hugo Ribeiro / Tee Times Golf