Argentina. Enxovalho espanhol arrasou a confiança de um país Messi-dependente

Os argentinos ainda procuravam sarar as feridas abertas por um apuramento muito sofrido, mas o 6-1 frente à Roja destruiu o que restava de moral

E de repente, toda uma nação afunda-se num estado de depressão profunda. Não importa que estejamos a falar de um dia mau num jogo particular: foram seis – seis!!! – os golos sofridos pela Argentina em Madrid, perante uma Espanha demolidora. Não havia Messi, nem Dybala ou Aguero, é verdade, mas nem isso chega para amenizar as dores de um país doente por futebol e loucamente apaixonado pela sua seleção, que ainda lambia as feridas abertas por uma fase de apuramento sofrível – a qualificação para o Mundial foi selada apenas na última jornada.

“Se o objetivo era recuperar a confiança perdida na fase de qualificação, nunca se poderia ter escolhido Espanha, era o último adversário que se podia ter escolhido”, disse Jorge Valdano, antiga glória da alvi-celeste, pouco depois de finalizado o enxovalho no estádio do Atlético de Madrid. O 6-1, de resto, entrou de imediato para a galeria das maiores goleadas de sempre sofridas pela equipa das pampas: igual, só no Mundial de 1958, perante a Checoslováquia, e no apuramento para o Mundial 2010, na Bolívia. Pior… não há.

Jorge Sampaoli aproveitou este encontro para fazer alguns testes, dando oportunidades a vários jogadores do campeonato argentino com pouca (ou nenhuma) experiência a nível internacional. Correu mal. Higuaín, um dos poucos “velhos”, ainda desperdiçou uma ocasião flagrante na cara de De Gea nos minutos iniciais, mas a partir daí o comboio descarrilou e não houve volta a dar. Diego Costa abriu a contagem aos 12’, Isco aumentou aos 27’ e nem o golo de Otamendi a seis minutos do intervalo serviu minimamente para mudar o rumo dos acontecimentos.

A segunda parte foi um vendaval de fúria espanhola. Isco bisou aos 52’, Thiago Alcântara fez o 4-1 aos 55’, Iago Aspas o quinto aos 73’ e Isco, outra vez, selou o hat-trick (primeiro da carreira) aos 74’, numa exibição memorável. Do lado argentino, apenas consternação – Messi, que assistiu à derrocada das bancadas, foi-se embora a 15 minutos do fim. “O jogo foi uma catástrofe, o resultado foi terrível e a seleção irá viver um calvário até ao Mundial. Messi é a única razão para que alguém dê uma mínima hipótese à Argentina de ganhar o Mundial”, disparou Valdano. E terá toda a razão.

O selecionador de Espanha, porém, não dá como adquiridos novos passeios na Rússia. “O resultado acabou assim, mas o jogo até começou equilibrado, sendo que o nosso adversário contou com ausências muito importantes, é preciso reconhecê-lo. O Mundial é muito diferente de um particular. Isto não muda nada para o Mundial, pois vamos começar com zero pontos”, realçou o antigo treinador do FC Porto. Seja como for, é caso para os adversários se preocuparem: Portugal, o Irão de Carlos Queiroz e Marrocos. Aqui já começou, como se pode perceber pela reação do selecionador Hervé Renard após o particular com o Uzbequistão: “Antes de entrar na sala de conferências estava a ver a equipa espanhola. Queria ver se estava a jogar com 12 ou 13 esta noite (risos). É uma seleção que vai ao Mundial em busca do título, para ser campeã do mundo. Não é uma equipa grande, é uma equipa muito grande”.