Os fake concursos da Câmara de Lisboa

A maior promessa eleitoral de Fernando Medina na CML não consegue passar do papel

Fernando Medina, mal substituiu António Costa na Câmara de Lisboa, em abril de 2015 – faz agora três anos -, prometeu 7.000 casas com renda acessível para a classe média, a arrancar no fim de 2016.

Começaram a surgir as propostas na CML e na AML para o regime de renda acessível, enquanto Fernando Medina e a vereadora da habitação, Paula Marques, se multiplicavam em intervenções, apresentações e entrevistas sobre o tema. Com um ano de antecedência face às eleições autárquicas de 2017, tornou-se a principal promessa da campanha. 

A ideia parecia um Ovo de Colombo: a Câmara dava o terreno (municipal) e os construtores privados faziam o resto. Ou seja, construíam os prédios e ficavam a receber rendas baixas, vendiam alguns imóveis – e, ao cabo de 30 anos, entregavam os prédios à CML. 

Na prática, os construtores privados construíam, para serem senhorios de casas de rendas baixas. Alguém no seu perfeito juízo acreditava que os construtores estivessem interessados nisto? Alguém no seu juízo perfeito acreditava que os bancos iriam financiar uma sandice destas? Ainda por cima num momento em que os promotores podem construir no resto da cidade…

O BE e o PCP apoiavam as propostas, claro está, embora defendendo que o financiamento deveria ser integralmente público, fieis ao princípio de que tudo o que é privado é mau.

A ofensiva de propaganda foi de tal forma violenta que ninguém tinha coragem para fazer críticas, por receio de ser considerado mau patriota… Contudo, várias vezes escrevi aqui mesmo que o negócio era inviável e, por isso mesmo, destinado ao fracasso.

Anunciado o projeto para 15 locais na cidade, foi aberto um site explicativo e colorido, como é de moda nestas circunstâncias. Devem todos consultar o site www.lisboarendaacessivel.pt para seguirem melhor o estado desses concursos, volvidos seis meses sobre as eleições. 

Ora, verificamos que: Em Arroios (Rua Gomes Freire) foi aberto concurso a 25/8/2017, mas até hoje não foi fechado.

Na Rua de S. Lázaro o concurso abriu a 16/6/2017, mas até hoje não há adjudicação.

Para o Lumiar (Rua Professor Orlando Ribeiro), para o Restelo e para o Parque das Nações vai abrir um concurso brevemente.

Para Benfica (Av. Marechal Teixeira Rebelo) e em Arroios (Rua de Santa Bárbara) diz-nos o site que também vai ser aberto concurso em breve.

Para o Alto da Ajuda, Penha de França, Beato, S. Vicente, Vale de Santo António ou Campolide não há nada. 

Isto é, nos dois concursos abertos à pressa antes das eleições não há concursos fechados, nem adjudicações, e nos outros não há nada.

A situação é de tal forma grave que a CML, através do presidente Fernando Medina e da vereadora Paula Marques, está obrigada a dar explicações. Urgentemente. 

sofiarocha@sol.pt