Tomás Melo Gouveia mais sólido em Tazegzout

Menos de uma semana depois de ter obtido o seu primeiro top-10 no Pro Golf Tour, Tomás Melo Gouveia continuou a mostrar a sua evolução desde que se tornou profissional há apenas quatro meses e terminou o Open Tazegzout, em Agadir, no grupo dos 31.º classificados.

O irmão mais novo de Ricardo Melo Gouveia milita numa das terceiras divisões do golfe profissional europeu e esta foi a primeira vez que passou dois cuts seguidos no Pro Golf Tour. 

Está aos poucos a melhorar a média negativa que tinha neste capítulo, passando agora para três cuts superados em sete eventos, mas com o detalhe desses três torneios completos se incluírem entre os quatro últimos que disputou!

“Sinto que o meu jogo está no caminho certo, está a evoluir e isso é o mais importante”, disse ao Tee Times Golf o português de 23 anos, 9 anos mais novo do que o campeão deste torneio de 30 mil euros em prémios monetários, o francês Romain Béchu, que se define por “artista de golfe e profissional de golfe”.

Voltando à participação portuguesa no torneio marroquino do Pro Golf tour e do Atlas Pro Tour, Tomás Melo Gouveia foi o único dos três a passar o cut. Tiago Rodrigues e João Zitzer foram eliminados, respetivamente com 151 (79+72), +7; e 163 (84+79), +19, com o cut a fixar-se em +3.

Tomás Melo Gouveia foi de novo o único português a jogar a última volta de um torneio em que até começou onde tinha terminado o torneio anterior, de novo com um 8.º lugar, após uma primeira volta de 69 pancadas, 3 abaixo do Par do Tazegzout Golf.

“No primeiro dia, não joguei nada de especial, mas não fiz nenhum bogey e por isso consegui um resultado muito bom”, disse, quando estava a apenas 2 pancadas da liderança.

O problema foi a segunda volta. “O tempo esteve muito bom, sol, calor e pouco vento, à exceção do segundo dia à tarde em que esteve muito vento e eu joguei à tarde nesse dia”, explicou.

Ora foi exatamente nessa segunda volta ventosa que as coisas lhe correram mal, com o resultado de 76 (+4), incluindo 1 triplo-bogey, 1 duplo-bogey e 2 bogeys, para apenas 3 birdies, a atirá-lo para o 30.º posto (empatado), com 1 acima do Par.

Na última volta sofreu outra vez 1 duplo no buraco 3 (Par-3) e 1 duplo no 14 (Par-4) onde na véspera fizera o triplo, mas como foi o dia em que arrancou mais birdies (4), acabou por minimizar os estragos e contentar-se com um resultado de 73 (+1).

“Nos últimos dois dias joguei igual ao primeiro dia, mas fiz muitos mais erros que me custaram caro. Ainda assim, considero que foi uma semana positiva e, mesmo sem jogar o meu melhor, consegui passar o cut e jogar no último dia”, considerou o profissional do ACP Golfe.

“O meu nível de jogo não foi tão bom como no torneio anterior, mais especificamente no que se refere aos shots do tee e aos shots ao green”, admitiu, ao mesmo tempo que continua a apreciar os campos da zona de Agadir.

“Este campo é mesmo ao lado do mar (Oceano Atlântico), muito bonito com vistas espetaculares. O campo estava em ótimas condições, com greens muito rápidos, muito duros e muito ondulados”, afiançou o (ainda) campeão nacional amador, depois de embolsar um prémio de 351,80 euros. 

Por consequência, ascendeu do 58.º ao 52.º lugar da Ordem de Mérito do Pro Golf Tour, sendo a segunda vez seguida em que melhora neste ranking que irá premiar o top-5 do final da temporada com um cartão para o Challenge Tour, a segunda divisão europeia.

Quem aproveitou bem este torneio marroquino foi o francês Romain Béchu, que ascendeu de 103.º para 14.º na Ordem de Mérito, depois dos 5 mil euros de prémio que ganhou, no seguimento das suas 208 pancadas, 8 abaixo do Par, com voltas de 68, 71 e 69. Um triunfo por apenas 1 shot sobre o seu compatriota Stanislas Gautier.

Béchu, de 32 anos, concordou com a análise ao campo de Tomás Melo Gouveia e foi ainda mais específico sobre o Tazegout Golf: “É um campo incrível e está em condições perfeitas. O seu grande desafio é a combinação do desenho com os greens muito grandes e muito rápidos, que exigem shots muito precisos. Neste traçado é importante pensar duas vezes antes de fazer cada shot e ser capaz de jogar perto das bandeiras”.

Ora se Tomás Melo Gouveia admitiu dificuldades no shot ao green, já Romain Béchu exprimiu-se ao mais alto nível nesse capítulo, talvez recorrendo à sua alargada panóplia técnica que lhe vem dos anos em que andou lesionado e dedicou-se a aperfeiçoar truques de golfe.

Béchu foi sete vezes campeão amador de França e venceu eventos importantes como o Campeonato Internacional Amador de França e o Brabazon Trophy em Inglaterra, mas ao passar a profissional sofreu várias lesões e tornou-se num dos mais cotados malabaristas do golfe, ao ponto de, em 2016, ter sido convidado a exibir-se na gala anual do European Tour em Wentworth.

Vale a pena ver os seus malabarismos no You Tube, mas este seu segundo título no Pro Golf Tour, três anos depois do primeiro no Augsburg Classic de 2015, poderá levá-lo a acreditar mais na carreira de profissional a sério e menos na de artista.

O próximo torneio do Pro Golf Tour começa já no dia 4. O Open Royal Golf Anfa Mohammedia, também de 30 mil euros, será o último da presente temporada deste circuito germânico em Marrocos.

No final desta série de seis torneios marroquinos do Pro Golf Tour, o vencedor da Corrida para Rabat receberá um convite para o Troféu Hassen II, um torneio do European Tour, de 19 a 22 de abril, 2,5 milhões de euros, no Royal Golf Dar Es Salam.

Tomás Melo Gouveia, Tiago Rodrigues e João Zitzer estão a competir em Mohammedia, mas já sem hipóteses de lutarem por esse convite. Em contrapartida, o mais novo dos Melo Gouveia, com esta subida de forma recente, é cada vez mais candidato a um convite para o Open de Portugal @ Morgado Golf Resort, co Challenge Tour.

Hugo Ribeiro / Tee Times Golf