Menor produtividade é preocupação

O mercado de trabalho é o maior problema do futuro próximo da economia portuguesa. Na nota de conjuntura relativa a março, o Fórum para a Completividade (FpC) analisa as mais recentes projeções do Banco de Portugal, referindo que na previsão para a taxa de desemprego está implícito um menor crescimento da produtividade.

“A parte mais problemática das previsões diz respeito ao mercado de trabalho”, lê-se na nota da conjuntura nº23 do FpC. “Ainda que tenha mantido as previsões sobre o PIB, o banco central prevê agora que a taxa de desemprego caia para 5,6% em 2020 (previa 6,1% em Dezembro). Ou seja, implicitamente prevê-se um menor crescimento da produtividade, adiando a convergência com a zona euro”, sustenta.

A análise lembra ainda que de acordo com o BdP “a generalidade das projeções sugere que o hiato do produto deixará de ser negativo a partir de 2018”. Segundo o FpC “o hiato do produto deixar de ser negativo é semelhante a dizer que se atingirá o pleno emprego, pelo que admitir que a taxa de desemprego possa continuar a descer de forma tão pronunciada até 2020 não parece muito plausível”.

Ainda no que diz respeito à conjuntura portuguesa, a nota refere que o BdP manteve as suas previsões até 2020 mas alerta que o “ritmo de crescimento do PIB irá desacelerando ao longo dos próximos anos, à medida que se usa alguma folga existente e dado que não houve melhorias no potencial de crescimento, por ausência de reformas”.

O documento aponta ainda que “em janeiro de 2018, o saldo externo foi muito mais negativo do que no mês homólogo, mas isso não deve ser motivo de preocupação porque há uma forte sazonalidade neste indicador”.

De acordo com o FpC “dois terços da redução do défice de 2015 a 2017 deve-se a fatores pontuais e a consolidação que não resultou de efeitos temporais teve de ser obtida com o menor investimento público e o maior volume de cativações de sempre”.

O Fórum para a Competitividade refere que “para além disso, a carga fiscal atingiu 37% do PIB, a mais elevada de sempre”, lembrando que “a redução do IRS e do IVA da restauração foi totalmente compensada pelo aumento dos impostos indiretos e do IMI”.

Na opinião do diretor do gabinete de estudos do FpC, Pedro Braz Teixeira, que assina a nota esta consolidação orçamental é frágil e “não aguentará o próximo embate recessivo”.