Fizz. Nuno Amado e Daniel Proença de Carvalho ouvidos em tribunal

Advogado Daniel Proença de Carvalho vai amanhã ao Campus de Justiça. Hoje é ouvido o CEO do BCP 

O CEO do Millennium BCP Nuno Amado e o advogado Daniel Proença de Carvalho vão ser ouvidos esta semana no julgamento em que um antigo procurador do DCIAP é suspeito de ter recebido subornos do ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente. A tese do Ministério Público aponta para que, em troca das contrapartidas, Orlando Figueira tenha arquivado inquéritos que tinha em mãos e que visavam Vicente. 

É neste contexto que a defesa de Figueira quis que Nuno Amado fosse arrolado como testemunha – sessão que começa às 14h de hoje. O antigo procurador pretende que seja esclarecido se alguma vez o responsável do banco recebeu indicações de Manuel Vicente para lhe dar emprego, como defende a acusação. A defesa tem sustentado em tribunal que a saída da magistratura aconteceu na sequência de um convite do banqueiro Carlos Silva – vice-presidente do Millennium BCP e presidente do Banco Privado Atlântico – e que nada teve a ver com Vicente. A relevância disto é que o MP considera que o valor auferido no privado, assim como um empréstimo conseguido junto do Banco Privado Atlântico, são parte das alegadas ‘luvas’, que totalizam 760 mil euros.

Para fundamentar que Vicente nada teve a ver com este caso, tanto Orlando Figueira como os arguidos Paulo Blanco – antigo advogado do Estado angolano – e Armindo Pires – homem de confiança de Vicente – têm tentado mostrar que o contrato de trabalho que Figueira celebrou com a Primagest foi consequência de reuniões com Carlos Silva. E têm tentado provar perante o coletivo que a sociedade faz parte de um grupo de empresas ligadas ao universo Atlântico e ao banqueiro, nada tendo a ver com Vicente ou com a Sonangol. A defesa de Orlando Figueira alega que a única ligação que o MP encontrou desta sociedade veículo à Sonangol – de que Manuel Vicente era presidente à data dos factos – foi uma notícia sobre a compra de parte da empresa de engenharia Coba pela Primagest e na qual que se referia o nome da petrolífera estatal angolana.  
 
Proença de Carvalho em tribunal Amanhã será a vez de Daniel Proença de Carvalho ser ouvido. O conhecido advogado terá tido diversos contactos com o procurador Orlando Figueira, tendo um deles, no dia das buscas da Operação Fizz, sido mesmo intercetado.

Proença de Carvalho é advogado de Carlos Silva e tanto Orlando Figueira como Paulo Blanco têm defendido que isso é mais um dado que aponta para que a saída do procurador do DCIAP foi motivada por um convite do banqueiro. Quanto à intervenção de Daniel Proença de Carvalho, Figueira diz que a mesma aconteceu numa fase em que já havia alguns incumprimentos e com o objetivo de pôr fim ao contrato com a Primagest. E depois, conta, voltou a procurá-lo no dia das buscas da Operação Fizz. 

No último mês, o coletivo chegou mesmo a ouvir a chamada que o ex-procurador fez para Proença de Carvalho quando foi detido. Nessa conversa, o antigo magistrado do DCIAP pede a colaboração do conhecido advogado, afirmando estar a ser alvo de buscas. Do outro lado, Proença de Carvalho respondeu que poderia ser mais útil se não fosse seu advogado.