Santa Casa quer entrar no Montepio e afasta cenário de “aventura”

Em causa está um investimento de 18 milhões. Provedor lembrou que já houve negócios que exigiram maiores investimentos e não sofreram tanta resistência. É o caso da compra de ações do BCP, CTT e REN.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) admitiu esta quarta-feira que está determinado em fazer parte de um banco da economia social. Para isso, prepara-se para investir 18 milhões de euros para ter um máximo de 1% da Caixa Económica Montepio Geral. Um montante avançado por Edmundo Martinho no Parlamento e vai ao encontro do investimento que já tinha sido avançado pelo i que apontava para um máximo de 20 milhões de euros.

“Estamos muito determinados em ser parte de um processo que contribua para consolidar a economia social”, revelou o provedor, na comissão de Trabalho e Solidariedade, para a que foi convocada a pedido do Partido Social Democrata. Afastando o cenário de estar a entrar “numa aventura”.  

“Não estamos em nenhuma aventura. Aventura já tivemos, e grandes, no passado, e que tiveram impactos muito significativos na vida da Santa Casa”, salientou. Ainda assim, garantiu que “não há investimentos sem riscos”, mas lembrou que este tem sido estudado com prudência e cautela.

O provedor referiu ainda que no passado houve investimentos muito maiores da SCML, caso da compra de ações do banco BCP, dos CTT – Correios de Portugal e da REN, que não causaram debate e que tiveram mesmo o apoio da tutela, que então era representada por pessoas que estão atualmente contra este negócio.

Além disso, afirmou, que a “Caixa Económica Montepio Geral não é um banco qualquer”, uma vez que é propriedade de 600 mil pessoas. 

No entanto, o PSD que convocou a audição, já avisou que vai contestar esta operação. “O PSD tudo fará para obstar este propósito da Santa Casa da Misericórdia. No dia 19 de Abril haverá debate no Parlamento sobre projeto de resolução que vise proibir a Santa Casa da Misericórdia entrar na Caixa Económica Montepio Geral”, afirmou Adão Silva.

Investimento estratégico

Apesar do montante a investir e da posição a deter ficar aquém do que estava inicialmente previsto – cerca de 200 milhões de euros para ficar com 10% do capital do Banco, Edmundo Martinho diz que a estratégia mantém-se: “A opção continua a ser estratégica para a Santa Casa. Estamos presentes, queremos estar presentes e estamos disponíveis para sermos contribuintes e beneficiários nos órgãos de gestão do banco”, mostrando que este investimento não é apenas simbólico.

O provedor afasta também as acusações do deputado bloquista ao questionar a Santa Casa de a sua entrada no capital do banco é para salvar a instituição financeira. “Nunca seria um investimento deste tipo que salvaria seja o que fosse”, acrescentando ainda que, “além disso, “o banco não precisa de ser salvo. Pelo contrário. A informação financeira que existe aponta para uma grande solidez dos vários rácios”, salientou aos deputados. 

Já em relatório final do Haiting, Edmundo Martinho garante que tem apenas “um draft“, mas que o valor do investimento a que se chegou baseia-se das contas validadas e auditadas do Montepio. “É um projeto que imensa racionalidade”, reforçou.