Montepio. Investidor chinês indicado pelo governo

Empresa chinesa que comprou 60% da Montepio Seguros.

A empresa CEFC China Energy, pertencente à holding CEFC China, foi indicada pelo gabinete de António Costa como possível compradora de uma participação no Montepio Seguros, revela o jornal Público, citando atas de uma reunião do conselho geral da Associação Mutualista Montepio Geral realizada em setembro último.

De acordo com o mesmo, a informação que levaria ao acordo para a compra de uma participação de 60% pela CEFC foi transmitida aos membros do órgão pelo presidente da associação mutualista, Tomás Correia, que deu conta do interesse do grupo chinês em “desenvolver (…) uma parceria na área dos seguros e da banca” e que esta informação chegara-lhe “mediante proposta encaminhada via Gabinete do senhor Primeiro-Ministro” com a sugestão de “encetar conversações sobre a possibilidade”.

Esta informação sobre a proposta foi dada por Tomás Correia em período após a visita de António Costa à China, em outubro de 2016.

De acordo com o Público, no momento da reunião de setembro último Tomás Correia dava conta da existência de um “projeto-piloto para discussão, tendo-se organizado uma reunião com os gestores da Lusitânia”, que representava já desde 2012 prejuízos. O presidente afirmava então que um acordo excluiria a Futuro, sociedade gestora do fundo de pensões do grupo, assim como coleções de arte e de moeda de ouro da Lusitânia, que passariam para a Associação.

Tomás Correia afirmou que a seguradora Lusitânia ia continuar a funcionar como habitualmente sem qualquer acordo de cooperação que visasse a utilização de um canal bancário”, aconselhando que se considere a hipótese de negócio com os chineses. A empresa CEFC quereria “instalar um centro financeiro na Europa, sedeado em Portugal, entrando a CEFC com capital na Lusitânia”.

Fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro referiu que este “recebeu no ano passado uma delegação do grupo CEFC que transmitiu o interesse empresarial de investir em Portugal”, mas que “não foi abordado o tema Montepio Geral”.

Recorde-se que, o grupo CEFC tem estado envolvido numa série de incidentes na China, tendo sido conhecido em fevereiro que o seu fundador, Ye Jianming, se encontrava sob investigação pelas autoridades chinesas. A subsidiária do grupo na República Checa deu entretanto conta do afastamento do afastamento de Ye e dos planos de alterações na estrutura acionista do grupo. A Citic, companhia de participações estatais chinesa, confirmou a intenção de entrar nos capitais da CEFC.