Crise. Leões divididos sobre o futuro mas unidos pela atual tristeza

Presidente do Sporting e presidente da mesa da assembleia-geral estão em conflito aberto. Holdimo, maior acionista da SAD, defende reunião magna com urgência

O Sporting está dividido. A polémica em relação à gestão, e atitude, do presidente não parece ter fim à vista e são várias as vozes que defendem uma mudança na gestão. Mas há também quem defenda Bruno de Carvalho. Em uníssono apenas a tristeza e o lamento por toda a situação.

Ao i, Filipe Soares Franco refere que sente “tristeza com o que se está a passar no Sporting” mas, na sua opinião, os órgãos sociais é que “têm de decidir o assunto”. O antigo líder leonino precisa o motivo da sua tristeza: “Quando eu fui presidente do Sporting e quando me candidatei a presidente do Sporting, os princípios e os valores internos com que os órgãos sociais se regiam são totalmente diferentes de estes”. No entender de Soares Franco, para que o Sporting consiga cumprir o seu lema – “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória” – tem de “haver uma grande unidade entre os órgãos sociais”.

No entanto, a união parece ser uma miragem, com Bruno de Carvalho e o presidente da Mesa da Assembleia Geral em conflito aberto. Na manhã de ontem Jaime Marta Soares exigiu a demissão do presidente do clube, considerando que “com Bruno de Carvalho não há paz no Sporting”. O presidente da mesa adiantou ainda que vai marcar uma reunião para esta segunda-feira para decidir como proceder caso Bruno de Carvalho não se demita, uma vez que, diz, “estão esgotadas as hipóteses de manutenção da atual presidência”.

A resposta veio rápida pelo meio de comunicação privilegiado do presidente – o Facebook. “Eu tinha-o avisado que mais uma dele e quem pediria a sua saída seria eu e não só os sócios como o fizeram de forma esmagadora só o mantendo porque eu o pedi. Escusa de reunir a MAG, que se diga nunca se reviu nele nem esteve a seu lado, pois serei eu a pedir novamente à direção para se fazer uma AG para os sócios se voltarem a pronunciar sobre nós e neste momento, separadamente, sobre os Presidentes da MAG [Mesa da Assembleia Geral] e do CFD [Conselho Fiscal e Disciplina]”.

Pouco depois, num outro post, Bruno anunciava o encerramento na sua página naquela rede social. “Os males do mundo, para os Sportinguistas, são os meus facebooks. Que este meu afastamento do Facebook seja a vossa felicidade”, escreveu, lamentando que com esta sua retirada se perca uma “voz incómoda”.
Mas a retirada está longe de significar uma rendição. Na opinião de Abrantes Mendes, antigo presidente da Mesa da AG, “Bruno de Carvalho não se vai demitir, as pessoas que não se iludam. Ele precisa mais do Sporting do que o Sporting precisa dele”, pelo que “não vai abandonar, porque Bruno de Carvalho tem um problema de personalidade. É um homem que, neste momento, precisa de muita ajuda, não está bem. Não sei do que padecerá, não está bem”, disse em entrevista à TSF.

De acordo com Eduardo Barroso, o problema do atual presidente do Sporting é um “burnout”. O médico, também antigo presidente da mesa da AG leonina e apoiante de Bruno de Carvalho, afirmou, à SIC: “Há um ser humano, um homem que está a ser linchado e que está, como se diz em inglês, em burnout, num stress brutal”. 
Eduardo Barroso contou ainda que o Bruno de Carvalho lhe contou que a decisão de acabar com o Facebook era definitiva “e que essa é a condição fundamental para ele conseguir ter condições para continuar a ser presidente do Sporting Clube de Portugal”.

Lesar os interesses 

Quem considera que estas já deixaram de existir é Carlos Severino. Ao i, o também antigo candidato à presidência dos leões, que diz também “lamentar esta situação toda” defende que “nesta altura, se [Bruno de Carvalho] quer sair com alguma dignidade tem de se demitir. Não temos outro caminho (…) está a lesar os interesses do Sporting”.
Já Madeira Rodrigues, candidato derrotado por Bruno de Carvalho, afirma ao i que tem “assistido a tudo isto com muita mágoa e muita tristeza”, acrescentando que “aquilo que sempre disse é o que agora há mais pessoas a dizer” e que seu caso “não é o tempo de falar é o tempo de agir”.

José Roquette, também antigo presidente do clube, diz, de acordo com a sua experiência, que “há uma clivagem e uma rutura com os jogadores que é difícil de ser sanada”. Segundo o empresário, que falava à noite na TVI 24, o Sporting precisa de “união” para “recuperar a confiança”. Mas Roquette lembrou que “cada vez que as coisas correram mal eu estava lá”, no apoio à equipa. O antigo dirigente salientou ainda que “se isto não tem uma solução rápida, a próxima época” poderá estar em causa.

Também à noite a SIC Notícias afirmou que a Holdimo, de Álvaro Sobrinho, vai requerer a realização de uma Assembleia-Geral da SAD com caráter de urgência. A empresa detém 30% do capital social da Sporting SAD, sendo a maior acionista logo a seguir ao clube, depois de, em meados de 2013, ter investido 20 milhões de euros em ações, bem à frente do segundo principal acionista individual, a Olivedesportos, de Joaquim Oliveira, detentora de 3,19% por cento dos títulos leoninos.