Rússia insinua que EUA querem “apagar vestígios” de ataque químico na Síria

Donald Trump anunciou hoje que os mísseis norte-americanos estão a caminho do território sírio

A Rússia já respondeu a Donald Trump, insinuando que os ataques norte-americanos contra o regime sírio só servirão para “apagar vestígios” do alegado ataque químico em Douma, que matou dezenas de pessoas.

“A ideia original é usar mísseis inteligentes para varrer os vestígios da provocação para debaixo do tapete?", escreveu a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, no Facebook, questionando se a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) sabe que os mísseis irão destruir “todas as evidências” do alegado ataque químico.

Esta mensagem surge depois de o presidente dos Estados Unidos da América ter avisado a Rússia que os seus mísseis “estão a caminho” da Síria.

 "A Rússia prometeu destruir todos e quaisquer mísseis disparados contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles vão começar a chegar, bons, novos e inteligentes!", escreveu Donald Trump no Twitter.

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Maria Zakharova defendeu que os mísseis mencionados por Trump deveriam ter como alvo os “terroristas” e não o “governo legítimo” da Síria: "Os mísseis inteligentes devem voar em direção aos terroristas e não em direção do governo legítimo, que luta contra o terrorismo internacional há vários anos no seu território".

Este clima de tensão está a afetar cada vez mais as relações entre os EUA e a Rússia, como o próprio Donald Trump admitiu no Twitter: “A nossa relação com a Rússia está pior que nunca, incluindo o período da Guerra Fria. A Rússia precisa da nossa ajuda para a sua economia, algo que seria muito fácil de fazer, precisamos que as nações trabalhem juntas. Vamos pôr fim a esta corrida ao armamento?”.

Recorde-se que, na terça-feira, os EUA, apoiados pela França e o Reino Unido, admitiram avançar com uma resposta militar para acabar com a ameaça de ataques químicos em território sírio.

No fim de semana passado, pelo menos 42 pessoas morreram na sequência de um ataque deste género em Douma. O regime de Assad negou qualquer envolvimento, assim como a Rússia, que se disponibilizou para garantir a segurança de especialistas da OPAQ que se dirigissem ao terreno para averiguar a existência de armas químicas por parte do regime sírio. A OPAQ já anunciou que enviará uma equipa de peritos “em breve”.