Operação Marquês. Defesa de Sócrates diz que ainda não há uma acusação “verdadeira e formal”

“Passando mais de meio ano, o MP do DCIAP continua a mostrar-se absolutamente incapaz de apresentar a acusação”

A defesa de José Sócrates voltou esta quinta-feira a criticar o Ministério Público (MP). O advogado Pedro Delille defende que ainda não foi apresentada uma acusação “verdadeira e formal”, lembrando que já passaram seis meses desde que o Departamento de Investigação e Ação Penal (DCIAP) considerou ultimados os procedimentos de notificação da acusação do processo Operação Marquês.

“Passando mais de meio ano, o MP do DCIAP continua a mostrar-se absolutamente incapaz de apresentar a acusação e o processo em tribunal com todos os meios de prova, em condições de serem consultados, como é seu elementar dever”, criticou o advogado, num comunicado citado pelo Jornal Económico.

Delille diz que o MP continua a manter o processo retido como se estivesse em fase de inquérito. Para além disso, os elementos entregues “mostram-se rigorosamente inconclusivos ou contaminados por vírus diverso e de todo indignos e imprestáveis para consulta – como se passa com as famigeradas escutas”

“Mais de seis meses depois do envio da famosa acusação para os jornais, televisões e redes sociais e quase cinco anos depois do início formal deste processo, o MP continua, afinal, sem ter apresentado qualquer verdadeira e formal acusação contra José Sócrates”, lê-se no comunicado.

Recorde-se que a Operação Marquês tem 28 arguidos e está relacionada com a prática de crimes de natureza económico-financeira. O ex-primeiro-ministro é acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.

Além de José Sócrates, também o antigo líder do BES, Ricardo Salgado, os ex-administradores da PT, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, e o antigo administrador da Caixa Gerald e Depósitos, Armando Vara, são arguidos neste processo.