Sporting com eleições à vista

Miguel Relvas, Bernardo Trindade e Rogério Alves: todos se recusam a falar da possibilidade antes de o cenário de eleições antecipadas ser confirmado, mas vão colecionando apoiantes 

Bruno de Carvalho ainda não caiu, mas já há quem se perfile para uma candidatura à presidência do Sporting, e as movimentações são já muitas no sentido da preparação para a realização de eleições antecipadas. Vários têm sido os nomes já aventados – e há mesmo uma candidatura assumida: a de Bruno Conceição, sobrinho-neto de José Travassos, uma das lendas do clube.

O SOL apurou, contudo, que há vaga de fundo a crescer em redor de alguns nomes possíveis: Miguel Relvas, Bernardo Trindade e Rogério Alves. 

O ministro Adjunto (com a pasta do Desporto) e dos Assuntos Parlamentares de 2011 a 2013, durante o Governo de Pedro Passos Coelho, nunca escondeu o seu sportinguismo e, curiosamente, foi um dos membros da comissão de honra do atual presidente leonino aquando da sua recandidatura ao cargo, em março do ano passado. Tendo também em conta as suas relações com a banca e atuais e eventuais acionistas, Miguel Relvas é um nome que gera bastante consenso na comunidade leonina. Enquanto ministro do Desporto, Relvas lançou a Casa das Federações e conseguiu fazer a ponte entre Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira, Godinho Lopes e António Salvador para resolver a crise do ‘Totonegócio’ entre os ‘quatro grandes’.  

Além de Miguel Relvas, também Bernardo Trindade, ex-secretário de Estado do Turismo (Governo de José Sócrates), tem sido incentivado a avançar por um grupo de sócios.

Porém, entre o social-democrata Miguel Relvas e o socialista Bernardo Trindade, o preferido dos sportinguistas parece ser mesmo: o ex-bastonário da Ordem dos Advogados e ex-líder da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, Rogério Alves.
Alves conta com o apoio do maior acionista individual da SAD (Holdimo), mas também, como aliás Miguel Relvas e Bernardo Trindade, recusa-se a falar sobre um cenário de eleições enquanto ele não se colocar: ou seja, se Bruno de Carvalho não tomar a iniciativa de sair ou enquanto a assembleia geral não revogar o seu mandato e convocar eleições antecipadas.

Há, entretanto, uma outra questão que pode acelerar todo o processo: a emissão obrigacionista e o sucesso, ou melhor o insucesso da operação. Se Bruno de Carvalho não conseguir reunir condições para o financiamento do clube em 30 milhões de euros dificilmente terá condições para permanecer no cargo. E o seu sucessor será quem melhor der melhores garantias de o conseguir.

É, aliás, neste quadro que os apoiantes de Miguel Relvas mais confiam, já que o consideram com melhores condições – rede de contactos internacionais – para garantir o financiamento do clube.

Turbulência

Estas movimentações surgem no seguimento do terramoto que se abateu sob Alvalade desde a derrota do Sporting em Madrid, frente ao Atlético, na primeira mão dos quartos-de-final da Liga Europa. O cenário de crise deixou o universo leonino em sobressalto. Na segunda-feira, a Holdimo pediu a realização de uma AG com caráter de urgência. Dois dias depois, a direção leonina viria a anunciar a retirada das medidas disciplinares impostas aos jogadores – embora salientando mais uma vez que a atitude dos jogadores não foi a mais correta –, e no dia seguinte enviou um comunicado à CMVM a revelar a intenção de realizar uma AG de Obrigacionistas para deliberar sobre a extensão do prazo do reembolso do empréstimo obrigacionista que tem em vigor, no valor de 30 milhões de euros, o qual teria de ser reembolsado aos investidores até 25 de maio de 2018. A SAD pretende fazê-lo apenas, porém, a 26 de novembro, e para tal precisa da aprovação dos obrigacionistas.