JSD. Pela primeira vez, a líder é uma mulher… e não é apoiante de Rio

Margarida Balseiro Lopes evita comentar repto de Rui Rio para acordos de regime com António Costa

Margarida Balseiro Lopes não se importa “nada de ser jotinha”, como já confessou ao “Jornal de Leiria”, o distrito pelo qual foi eleita deputada. Agora, a consultora fiscal de 28 anos, que cresceu numa família maioritariamente socialista, é a primeira mulher a liderar a JSD.

Assumidamente de “centro-direita”, a nova líder da Juventude Social-Democrata votou em Pedro Santana Lopes nas diretas ganhas por Rui Rio. E até anunciou ao SOL que não receia “momentos de tensão” com o novo líder do partido.

Mas, ontem, resistiu a dar resposta a um repto difícil de seguir para uma admiradora confessa de Pedro Passos Coelho. “Temos obrigação de colaborar com os outros. Temos a obrigação de colocar Portugal em primeiro lugar, o partido em segundo e só depois nós próprios. Temos obrigação de preparar o melhor possível o futuro a que a vós pertence. A JSD deve estar preocupada e deve lutar para que Portugal faça as reformas necessárias”, disse Rio, depois de reiterar a sua vontade de fazer acordos com António Costa, no discurso de encerramento da JSD.

“O repto que eu retive teve que ver com o ataque ao corporativismo das ordens profissionais e com o ataque aos estágios fraudulentos”, limitou-se a dizer ao i a recém-eleita líder da JSD, que também se escusou a comentar a defesa dos aumentos na Função Pública feita por Rui Rio.

Prioridade à habitação Margarida Balseiro Lopes prefere, por agora, concentrar-se em falar “para as novas gerações”. Assegura não querer “iniciar qualquer tipo de luta entre gerações”, mas diz que “o país não pode perder uma geração sem que nada seja dito”.

Em defesa da juventude, Balseiro Lopes quer concentrar-se em temas como o emprego e a habitação, “que é hoje uma das maiores dificuldades para os jovens que se querem emancipar”. Por isso, começa por defender o reforço do programa de apoio ao arrendamento Porta 65, “que tem de uma dotação de apenas 18 milhões de euros e deixa 60% dos candidatos elegíveis de fora por falta de dinheiro”.

Na moção que levou ao congresso, Margarida propunha também que o Rendimento Básico Incondicional entre para a discussão política e defendia a substituição dos livros escolares por manuais digitais e a gratuitidade do pré-escolar a partir dos dois anos de idade.

Liberal nos costumes, defende a legalização da prostituição e da canábis e votou a favor da lei da Procriação Medicamente Assistida e da adoção por casais homossexuais. É a deputada mais jovem da bancada social-democrata e tem como hobby fazer ponto de cruz… mas se se queixava de ter pouco tempo para bordar antes de ser eleita, agora talvez seja mesmo impossível voltar às linhas e às agulhas nos próximos tempos.