“A extrema-esquerda não existe mais em Portugal”, diz Marcelo

O chefe de Estado disse-o numa resposta a estudantes espanhóis numa conferência em Madrid, Espanha

"A extrema-esquerda não existe mais em Portugal". A garantia foi dada pelo presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa quando questionado por estudantes espanhóis sobre migrações e refugiados na conferência "Portugal e Espanha: Europa e América Latina", em Madrid, Espanha. 

Para o chefe de Estado, existe "uma unanimidade absoluta" em Portugal quanto à aceitação de refugiados, o que dificulta a emergência da extrema-direita. De um extremo para o outro foi um pequeno passo. "Mesmo a extrema-esquerda não existe mais em Portugal. Há a esquerda mais ambiciosa nas suas posições", disse. 

Relembre-se que aquando da formação da atual solução governativa os partidos do anterior executivo, PSD e CDS, consideraram que a extrema-esquerda tinha passado a fazer parte da governação, representando uma ameaça para o país.

Na semana passada o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista entraram em rota de colisão sobre o Programa de Estabilidade e os objetivos de descida do défice do governo para os 0,7%, com os bloquistas, em conjunto com os comunistas, a exigirem uma maior preocupação com o investimento público e defesa do Estado Social.

"Uma crise política é indesejável, e uma crise política envolvendo o Orçamento de Estado é duplamente indesejável", alertou o chefe de Estado. No entanto, Marcelo reiterou a esperança de que "todos os intervenientes estão conscientes da importância de termos o orçamento aprovado". “Considero, como sempre, a conclusão da legislatura como muito importante para Portugal“, disse, acrescentado preferir "não ter que intervir nesta matéria a não ser para promulgar o Orçamento“.

A visita oficial de três dias do Presidente a Espanha terminará amanhã. Ontem, foi recebido pelo rei de Espanha, Filipe VI e Letizia, sua mulher, no Palácio Real, e recebeu as chaves da cidade de Madrid. Entre os seus acompanhantes encontram-se Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, e os depuados Luís Testa, do PS, Carla Barros, do PSD, António Carlos Monteiro, do CDS-PP, e Rita Rato, do PCP. O Bloco de Esquerda recusou estar representado.