Activista LGBTI suicida-se por imolação em protesto pelas alterações climáticas

David Buckel, um activista que lutou toda a vida pelos direitos da comunidade LGBTI, suicidou-se aos 60 anos para chamar a atenção para os problemas ecológicos que ameaçam destruir o planeta

As autoridades norte-americanas comunicaram que os restos queimados da pessoa que foi encontrada em Prospect Park (Brooklyn) pertencem ao advogado David Buckel, de 60 anos, um conhecido defensor dos direitos LGTBI. Buckel aut-imolou-se para denunciar os estragos que a actividade industrial tem causado causado ao nível da contaminacão do planeta.

O activista deixou a nota de suicídio num carrinho de compras junto ao seu corpo, e enviou-a também para as redacções de jornais como o "The New York Times". Nesta nota, Buckel tenta sensibilizar as pessoas para que adoptem um estilo de vida menos egoísta e que elejam como prioridade a preservação do planeta.

Defensor incansável da diversidade sexual, Buckel desempenhou um papel activo na luta contra os crimes de ódio de que é alvo a comunidade trans e homossexual. Foi o advogado principal no caso de Brandon Teena, um homem transgénero que foi humilhado, violado e assassinado em 1993, no Nebraska. O caso viria a merecer uma adaptação ao cinema, no filme "Boys Don't Cry", que valeu o primeiro óscar para a actriz Hillary Swank.

O seu empenho dentro da organização de luta pelos direitos civis LGBT Lambda Legal ficou ligado a alguns dos marcos alcançados nas últimas décadas, nomeadamente ao conseguir que o Iowa fosse o terceiro dos estados norte-americanos a legalizar o matrimónio homossexual, em 2009.

Em New Jersey, este advogado conseguiu que o Supremo deste estado reconhecesse que os casais do mesmo sexo e os seus filhos tinham sido penalizados por não lhes serem garantidos os mesmos direitos que são concedidos a casais casados.

"David foi um advogado infatigável, um activista e também um amigo dedicado e carinhoso para muitos. Será recordado pela sua amabilidade, devoção e busca da justiça", disse Camilla Taylor, directora de litígios constitucionais e directora jurídica da Lambda Legal, citada pelo "Washington Post".

Depois de abandonar as funções na Lambda Legal, o activista começou a envolver-se cada vez mais nas injustiças que afectavam o meio ambiente. Últimamente, vinha trabalhando com a Granja Comunitária Red Hook. Recuperando compost para o Jardim Botânico de Brooklyn.

Segundo a nota que deixou, a sua acção pretende alertar para os danos causados ao planeta e que estão já a desencadear sérios problemas humanitários. "A maioria dos humanos no planeta respira agora um ar que os combustíveis fosséis tornaram pouco saudável. Muitos morrem prematuramente como resultado: a minha morte antecipada com recurso a um combustível fóssil pretende reflectir aquilo que estamos a fazer a nós próprios."

"Aqui há uma esperança de que, ao dar a vida, possa chamar a atenção sobre a necessidade de acções ampliadas, ajudar outros a dar voz à nossa luta e conseguir que se oiça a Terra", escreveu o activista que via a sua morte como uma acção política na linha do que fazem os monges tibetanos contra a ocupação chinesa. Buckel sublinhava frequentemente que os privilégios de uns são sustentados pelo sofrimento dos demais.