França teme que “desapareçam” provas de ataque químico na Síria

Em comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros francês acusou a Rússia e a Síria de protelarem a entrada dos inspetores em Douma

Os inspetores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) já deviam estar em Douma para poderem recolher provas, mas as forças russas estão a dificultar o acesso alegando "problemas de segurança", considerou o ministério dos Negócios Estrangeiros francês em comunicado. 

A diplomacia francesa afirma temer que as provas do ataque químico desapareçam antes da chegada dos inspetores ao local. "É muito provável que provas e elementos essenciais desapareçam", pode ler-se no comunicado, acrescentando que o local é "inteiramente controlado pelos exércitos russo e sírio". 

Além dos alertas, o ministério acusou ainda a Rússia e a Síria de continuarem a recusar aos investigadores acesso ao local do ataque. "É fundamental que a Síria dê por fim acesso total, imediato e sem entraves aos pedidos da OPAQ, seja em relação a locais a visitar, pessoas a entrevistar ou documentos a consultar". 

Recorde-se que os Estados Unidos, França e Reino Unido bombardearam instalações de desenvolvimento químico na semana passada na sequência de um ataque com armas químicas em Douma, Síria, causando a morte a não menos que 40 pessoas e mais de 500 feridos. O bombardeamento das instalações ocorreu um dia antes dos investigadores poderem fiscalizar as instalações sírias que alegadamente estavam a desenvolver e armazenar armas químicas. 

Washington e aliados responsabilizaram o regime de Bashar Al-Assad, e o seu aliado russo, pelo ataque, enquanto que Moscovo e Damasco recusaram a autoria do mesmo, afirmando que o ataque foi encenado pelo Ocidente para legitimar uma intervenção militar.

Aquando do ataque, as forças militares russas e sírias estavam à beira de derrotar os rebeldes que se encontravam na última bolsa de resistência em Douma. Poucos dias depois, tomaram o controlo da totalidade da cidade com a rendição dos rebeldes.

No dia anterior ao bombardeamento contra as instalações por Washington e aliados, Emmanuel Macron, presidente francês, afirmou numa entrevista que a França tinha "provas" de que o regime Assad esteve por detrás do ataque com armas químicas. "Não se pode permitir tudo nas diferentes guerras que estão a decorrer. Nós temos provas de que, na semana passada, foram utilizadas armas químicas pelo regime de Bashar Al-Assad", afirmou. Agora, o governo de Macron teme que desapareçam provas.