Centeno aponta para grandes desafios

O ministro das Finanças considera vasto que os desafios no Eurogrupo, mas mostrou-se encorajado pela receção positiva às suas propostas como presidente do fórum que reúne os ministros das Finanças dos países do euro.

“Os desafios são grandes na substância e na forma como tem de se coordenar visões muito diversas, mas o objetivo é contar com todos e com todas as opiniões", disse Mário Centeno em entrevista à agência Lusa.

Na liderança do Eurogrupo há 100 dias, acrescenta que "a concretização da união bancárias nas suas diferentes vertentes, e o início da discussão sobre a capacidade orçamental serão, nas dimensões política e intelectual, um desafio muito interessante".

O ministro das Finanças de Portugal faz um “balanço muito positivo” destes 100 dias e revela que tem “conseguido apresentar um conjunto de propostas e de dinâmica no funcionamento do Eurogrupo, que se irá perceber que é distinto"

Como exemplo dá o convite a académicos para fazerem apresentações aos ministros.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) subiu, esta semana, para 2,4%, a previsão de crescimento da zona euro, que já dura há 20 trimestres consecutivos e deverá continuar.

O  presidente do Eurogrupo admitiu que "existem riscos externos para o crescimento", mas salientou que "até este momento [o conflito na Síria] não tem uma materialização clara no crescimento da zona euro".

Mas a Síria, tal como a saída do Reino Unido da União Europeia, são exemplos que Mário Centeno aponta para defender que "é precisamente para fazer face a estes desafios" e aumentar a resistência "às crises que a tarefa do Eurogrupo de completar a União Económica e Monetária deve ser encarada ainda de forma mais clara".

Na cimeira europeia de junho deverá ser apresentado o plano e o calendário da união bancária. Um “momento importante", refere o ministro, lembrando ao mesmo tempo que o verão também deverá ficar marcado pelo "processo de saída da Grécia [do programa de assistência financeira], cujo faseamento tem sido um sucesso".

Segundo Mário Centeno, a dicotomia entre estar num governo apoiado pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, e, ao mesmo tempo, ser o rosto das regras orçamentais de Bruxelas, “existe mais na maneira como as pessoas a colocam do que na realidade".

O que importa, assegura, é o “programa de Governo que assenta num exercício macroeconómico e orçamental que foi apresentado antes das eleições e que temos estado a cumprir à risca”.

“Não nos tornámos mais nem menos do que aquilo que estava nesse programa", diz o ministro das Finanças, acrescentando que o objetivo é manter "uma certa linha que conjuga o crescimento com o equilíbrio das contas públicas, e é exatamente isso que temos proposto no Programa de Estabilidade".

Centeno, foi eleito presidente do Eurogrupo em dezembro de 2017 para um mandato de dois anos e meio.