Moody’s só melhora rating com melhorias sustentáveis

Moody’s afirma que o ‘rating’ atribuído a Portugal será melhorado se concluir que os progressos a nível orçamental e económico forem sustentáveis. Uma redução constante da dívida é outra condição para a melhoria

A agência de notação financeira tinha agendado para a sexta-feira passada uma revisão do 'rating' atribuído a Portugal, mas optou por não se pronunciar. Assim, mantendo a avaliação da dívida portuguesa em 'Ba1', uma notação que é considerada 'lixo', com perspetiva positiva.

Em setembro a Moody’s – única agência de notação financeira que mantém Portugal em ‘lixo’ – tinha avaliado a dívida soberana portuguesa e melhorado a perspetiva para positiva, indicando que o ‘rating’ poderia ser melhorado num prazo até 18 meses.

"Como dissemos na altura, o 'rating' atribuído à dívida soberana portuguesa será revisto em alta para uma nota de investimento”, respondeu a Moody’s quando questionada pela agência Lusa sobre o não pronunciamento na sexta-feira, se a avaliação concluir que as “tendências positivas na economia e na frente orçamental são sustentáveis e que a dívida muito elevada entra numa tendência descendente constante”.

A agência norte-americana de notação financeira salienta ainda que a conclusão terá de ter apoio em "melhorias orçamentais sustentáveis que apontem para um registo mais consistente de excedentes, por evidências de que o crescimento económico continua a ser amplo, apoiando a resiliência a choques, e por novos avanços na recapitalização dos bancos mais fracos".

A próxima data prevista para a Moody’s se pronuncie sobre Portugal é 12 de outubro, mas o  calendário de avaliação é apenas indicativo. Na sexta-feira a expetativa dos mercados é que a agência tiraria o país do 'lixo', mas sem o pronunciamento manteve-se a notação 'Ba1', atribuída a Portugal desde julho de 2014.

A Moody’s continua a ser a única entre as quatro maiores a atribuir à dívida pública portuguesa uma nota especulativa, quando já a Standard & Poor's (S&P), Fitch e DBRS colocam Portugal no patamar de investimento.

Já a DBRS anunciou na sexta-feira a sua avaliação ao rating da dívida portuguesa, que elevou para BBB com perspetiva estável.

A agência canadiana diz que esta revisão em alta da dívida portuguesa reflete o entendimento de que a sustentabilidade da dívida portuguesa melhorou, acrescentando que a previsão é que a dívida pública portuguesa continue a cair, devido a uma consolidação das finanças públicas "mais duradoura".

Depois de estabilizar em torno dos 130% entre 2014 e 2016, a dívida pública em percentagem do PIB caiu para 125,7% e, segundo a DBRS, "projeta-se que continue a cair", com a manutenção da “disciplina orçamental", o crescimento a "a bom ritmo" da economia e da redução do crédito não performativo (NPL, na sigla em inglês).

"Progressos adicionais na redução dos NPL também pode ser positivo para o 'rating' português", admite a agência, que alerta no entanto para as pressões negativas que podem levar a uma revisão em baixa da notação atribuída a Portugal: uma deterioração na dinâmica da dívida pública ou "um enfraquecimento no compromisso político de políticas económicas sustentáveis", afirma a DBRS.