Pressão… aos 8 anos

Pela minha parte, estava convencido que seria melhor para o meu filho fazer todo o ensino secundário num colégio privado. Como é um miúdo sensível, pensei que estivesse mais protegido de agressões externas num colégio privado do que numa escola pública. Hoje, já não tenho tantas certezas.

Tenho um filho de oito anos, que está agora na terceira classe. É bom aluno, pelo que, se tudo correr normalmente, dentro de um ano e poucos meses estará a entrar para o 5º ano. Acontece que o colégio que ele hoje frequenta, e com o qual estamos muito satisfeitos, só oferece educação até ao 4º ano. Por isso, eu e a mãe temos uma decisão a tomar, daqui a um ano: onde o matricular.

A mãe do meu filho acha que, para já, é prematuro preocuparmo-nos com isso. É certo que tem alguma razão. Todavia, pelo lado dela, vai recolhendo informação.

Pela minha parte, estava convencido que seria melhor para o meu filho fazer todo o ensino secundário num colégio privado. Como é um miúdo sensível, pensei que estivesse mais protegido de agressões externas num colégio privado do que numa escola pública. Hoje, já não tenho tantas certezas.

O problema principal é a competitividade que alguns pais começam a incutir nos filhos, logo na infância. Para esses pais, os filhos “têm” que ser os melhores, não só em temos de classificações escolares, como também têm de ganhar um exercício tão inócuo como plantar uma árvore com o pai (uma tarefa do dia do pai). São pais que não entendem que o mais importante é plantar a árvore, para cimentar a relação entre pai e filho. Não há vencedores nem perdedores. Não há medalhas.

Se Deus o proteger, o meu filho saberá o que é competitividade. A seu tempo. Poderá, se quiser, fazer um MBA numa boa escola (espero que a mãe, ao ler isto, não coloque em causa o que me resta de sanidade mental). Criar um bom MBA é muito simples. Em primeiro lugar, junta-se um grupo de alunos, das mais diversas áreas do conhecimento, mas todos bons estudantes. De seguida, dá-se-lhes mais trabalho do que é humanamente possível realizar. Por fim, avalia-se como os alunos se desenrascam.

Ao fazer o MBA, os alunos competem entre eles, mas ao mesmo tempo têm de cooperar, e de trabalhar em equipa. Por vezes, os conflitos são terríveis. Mas a ideia é criar gestores como António Horta Osório, CEO do banco britânico Lloyd’s, que trabalhava 16 horas por dia, até ao dia em que quebrou, tendo um esgotamento nervoso. De forma bastante surpreendente, conseguiu regressar ao cargo que ocupava, mas fazendo um melhor equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. Sobretudo, e segundo consta, aprendeu a delegar mais.

Quase todos somos competitivos, quer nos nossos postos de trabalho, quer nas nossas vidas pessoais. São raros os que se estão borrifando (o que não os impede de, em alguns casos, alcançarem bons resultados). Mas, com oito anos, o meu filho não tem idade para saber quem plantou uma árvore em primeiro lugar. Tem idade para estudar, mas, sobretudo, tem idade para brincar. Tem, acima de tudo, idade para ser a criança adorável que é.