A alcaide mal-educada

Na sua alocução a anfitriã, eleita por uma lista dessa aberração conhecida por Podemos, tratou ostensivamente o Presidente português por tu, como se tivessem andado juntos na escola!

Na semana passada Marcelo Rebelo de Sousa efectuou uma visita de Estado a Espanha, durante a qual foi recebido na Câmara de Madrid para ser agraciado com as chaves daquela cidade.

Na sua alocução a anfitriã, eleita por uma lista dessa aberração conhecida por Podemos, tratou ostensivamente o Presidente português por tu, como se tivessem andado juntos na escola! E mesmo que tivessem partilhado os bancos escolares, o que manifestamente não aconteceu, o simbolismo da cerimónia obrigaria a um tratamento cerimonioso, conforme ditam as regras protocolares, as quais, obrigatoriamente, deveriam ser do conhecimento de quem representa uma parte considerável da população de um país civilizado.

Mas a inconveniente alcaide não se ficou por aqui e ao entregar as chaves da cidade de Madrid ao Chefe de Estado de Portugal, Nação soberana e merecedora de todo o respeito institucional por parte dos diversos órgãos estatais do lado de lá da fronteira, manteve-se sentada, gesto que ultrapassa um simples deslize de etiqueta, mas antes indicia uma completa falta de educação e, pior ainda, de preparação para o exercício do cargo para o qual foi eleita.

Tempos houve em que a política estava reservada a gente minimamente educada e instruída e em que os debates públicos se caracterizavam pela elevação nos confrontos verbais entre adversários. Mesmo nos excessos, que, como é óbvio, sempre ocorreram, havia limites inultrapassáveis e os actores do jogo político, salvo raras excepções, não envergonhavam o eleitorado que os elegera.

Até aqueles que não conseguiam ocultar um passado de extrema humildade se submetiam, por iniciativa própria, a um processo de aculturação, aprendendo, dessa forma, a comportar-se de acordo com a educação e os princípios que não lhes foram ministrados nos primeiros anos de vida.

Hoje, para mal dos nossos pecados, a realidade tornou-se bem distinta e a qualquer labrego é-lhe concedida a faculdade de se sentar numa cadeira ministerial.

E esta nova geração de inqualificados não ensaia o mínimo esforço para adoptar um comportamento mais civilizado, bem pelo contrário, parece fazer gala em, descaradamente, ignorar as normas da boa educação, reagindo de igual modo como o fazem as crianças que desafiam permanentemente a autoridade dos pais.

Este tipo de comportamento, apesar de transversal a todos os quadrantes políticos, ganha a sua máxima expressão junto das hostes da esquerda de caviar, frequentada por aqueles que se exibem como revolucionários mas que, na vida real, acomodaram-se aos vícios tipicamente burgueses, e cuja imagem de marca é a constante má-criação e o desprezo pelas regras da boa-convivência que herdámos dos nossos antepassados.

Este episódio constrangedor da entrega das chaves de Madrid a Marcelo Rebelo de Sousa passou praticamente despercebido na nossa praça, não se tendo escutado qualquer voz de indignação pela evidente desconsideração de que foi vítima, pormenor estranho tendo em conta o burburinho que se levantou há alguns anos quando o então ministro das finanças Víctor Gaspar quase que teve de se ajoelhar para falar com o seu homólogo alemão, que permaneceu sentado no que foi considerada, por alguns pensantes cá da terra, uma ostensiva atitude de superioridade.

Esses indignados de então esqueceram-se de que o ministro alemão não se levantou pela simples razão de que estava confinado a uma cadeira de rodas, enquanto que esta alcaide, ao que se sabe, a sofrer de alguma deficiência não é, certamente, de origem motora.

Se fosse espanhol, e em particular natural ou residente na capital daquele país, sentir-me-ia envergonhado por ser representado por uma criatura deste estirpe.

Nunca simpatizei com Medina, mas sou obrigado a reconhecer que ele, ao pé da sua congénere madrilena, parece um senhor!