TAP quer multiplicar resultados

O novo presidente da companhia nacional diz ser necessário multiplicar os bons resultados por sete. Negócio no Brasil ainda pesa. 

Antonoaldo Neves, o novo presidente executivo da TAP, considerou os resultados de 2017, com lucros de 21,2 milhões de euros, como sendo os melhores «dos últimos dez anos». No entanto,  acrescentou, para atingir a média da rentabilidade de outras companhias e conseguir assegurar a rentabilidade, é necessário conseguir que este resultado da TAP seja «multiplicado por pelo menos sete vezes».

No seu conjunto, todas as empresas da TAP SGPS «contribuíram positivamente para os resultados do grupo». Mas a verdade é que houve uma exceção: a TAP M&E Brasil, que apresentou um prejuízo operacional antes de impostos e juros de 28 milhões de euros e um prejuízo líquido de 50 milhões de euros.
Já no ano passado as contas do transporte aéreo mostravam que a TAP tinha conseguido interromper, em 2016, dois anos de prejuízos: 2014 com 46 milhões de euros e 2015 com 99 milhões. No fundo, as contas apresentadas, em março, mostravam que a companhia aérea tinha conseguido regressar aos lucros, com 34 milhões de euros. Ou seja, o transporte aéreo teve lucros. No entanto, a TAP continuava no vermelho por causa da manutenção.
A pesar nas contas ficou a TAP – Manutenção e Engenharia Brasil, que, segundo aquele Relatório e Contas, registou um prejuízo de 31,9 milhões de euros em 2016, face aos 40,2 milhões de euros de perdas em 2015.

‘Luvas’ em negócio ruinoso
Em abril de 2016, as suspeitas de crimes de administração danosa, participação económica em negócio, tráfico de influência, burla qualificada, corrupção e branqueamento levaram uma equipa do Ministério Público (MP) e de inspetores da PJ a realizarem buscas às instalações da TAP e da Parpública.
Segundo a nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), «os factos em investigação estão relacionados com o negócio de aquisição da empresa de manutenção e engenharia VEM».
A compra da VEM ocorreu em 2005 e resultou em prejuízos que pesam ainda hoje nas contas. O caso começou a ser investigado pela PGR desde que, em 2014, foi feita uma denúncia anónima. A denúncia incidia no processo de privatização da TAP, que falhou em 2012 e que terminou com o fim da proposta apresentada por Germán Efromovich. No entanto,  abordava também a compra da unidade de manutenção no Brasil à Varig, empresa que naquela altura estava falida e que tinha sido presidida entre 1996 e 2000 por Fernando Pinto, ex-presidente da TAP. Um dos problemas levantados foi o facto de o negócio ter avançado sem o aval do Ministério das Finanças.

Nova estratégia
O novo presidente executivo da TAP apresentou em fevereiro a nova estrutura da gestão aos trabalhadores e aproveitou para deixar claro que, para a comissão executiva, os valores-chave são a responsabilização e a transversalidade. 
Desde que começou a falar-se na possibilidade de reverter o processo de privatização da transportadora que se multiplicam os anúncios de alterações na estratégia da companhia aérea. A TAP tem-se reinventado como uma companhia em tudo diferente. Há novas rotas, novos aviões, novos nomes e até novas tarifas para combater as low cost. Mas também há muitas queixas.