Rui Rio com poder de veto nas distritais

Todas as indicações das distritais para as equipas do Conselho Estratégico Nacional vão passar pelo presidente do PSD. No 25 de Abril, deu-se uma primeira unanimidade no partido.

Rui Rio terá poder de veto sobre todas as indicações do partido para o Conselho Estratégico Nacional. As estruturas distritais, que foram esta semana convidadas em mensagem da secretaria-geral a indicar nomes para o Conselho Estratégico, poderão de facto fazê-lo – mas sempre sob o risco de o presidente do PSD vetar o nome apontado.

O dado tem causado mal-estar junto das estruturas na medida em que receiam convidar personalidades cujo assento seja depois negado por Rui Rio. Dito de outro modo: as distritais não querem conseguir o ‘sim’ de nenhum nome que depois leve com um ‘não’ da sede nacional.

O facto de a direção atual considerar as nomeações para o Conselho Estratégico Nacional como de «cariz pessoal», isto é, à responsabilidade de Rui Rio, já causou mossa quando Pedro Santana Lopes não viu os nomes que antes acordara com Rio serem integrados. Dias depois desse incómodo ser tornado público, a direção nacional corrigiria o tiro e as indicações de Santana seriam ratificadas em Comissão Política Nacional. Sobre isso, ainda com algum humor, um líder distrital desabafa ao SOL: «Se as indicações da minha equipa não forem aceites faço o quê? Agradeço às pessoas terem aceite o convite mas afinal o dr. Rio não as quer? Também preciso de um comentário na SIC Notícias…».

A relação de Rio com as estruturas distritais não tem sido fácil – e sem elas toda a disposição do Conselho Estratégico perde relevância, na medida em que depende de cada equipa local para assumir uma pasta específica. Rio não partilhou os nomes que escolhera para o Conselho Estratégico com os presidentes de cada distrital quando reuniu com os mesmos, apesar de anunciar quem seriam os coordenadores e porta-vozes um dia depois dessa reunião. Essa questão, sabe o SOL, já foi inclusivamente levantada pelo presidente da distrital de Leiria (Rui Rocha), numa reunião da Comissão Política Nacional [CPN]. A crença comum é simples: Rio perdeu a confiança na sua CPN a partir do momento em que a primeira reunião do órgão foi parar às páginas dos jornais – incluindo às do SOL. Hoje, a Comissão Política é mais para ouvir o que os vogais têm a dizer do que para lhes dizer algo que não queira ser Rio a anunciar publicamente. Nesse sentido, a informação tem sido restringida a homens da confiança de Rio, como o deputado Adão Silva, o secretário-geral adjunto Hugo Carneiro e alguns vice-presidente mais próximos da Comissão Permanente.

Margarida unânime

No meio do rebuliço interno, todavia, houve esta semana uma unanimidade: Margarida Balseiro Lopes. A recém-eleita líder da JSD discursou em nome do partido nas comemorações parlamentares do 25 de Abril e colheu largo elogio de todas as partes e lados da barricada. Helena Roseta, deputada independente eleita pelo PS mas de história bem entrelaçada com os sociais-democratas, levantou-se para aplaudir o discurso de Balseiro Lopes – deputada da Oposição. O socialista André Pinotes Batista afirmou mesmo que a intervenção da parlamentar do PSD foi a «melhor» do dia da liberdade. «Confesso que não esperava que o melhor discurso do 25 de Abril, fosse da Margarida Balseiro Lopes. Mas foi», escreveu Pinotes Batista, derrubando uma barreira normalmente bem firme entre o partido hoje no Governo e o partido que antes lá estava. 

A verdade é que Balseiro Lopes  também fez por evitar esse muro. A jovem de 28 anos cumprimentou – um a um – todos os líderes dos maiores partidos de assento parlamentar. Jerónimo de Sousa, «que pôde ver o seu partido sair da clandestinidade», Catarina Martins, «que nunca teve de encenar uma peça de teatro sujeita à censura», Carlos César, «cujo partido pôde ver os seus fundadores regressarem a casa», Assunção Cristas, «que pode ser mãe de família e ter uma vida profissional de sucesso», e Rui Rio, «que pôde ser dirigente estudantil em liberdade» também por causa do 25 de Abril. Balseiro Lopes fez também o único discurso na Assembleia da República contra a corrupção – algo que provocou entusiasmo visível em Rio, presente esta quarta-feira nas galerias. Dentro do PSD, de Teresa Morais (ex-vice-presidente de Passos Coelho) a Cristóvão Norte (porta-voz de Rio para a área do Mar) elogiaram efusivamente o discurso de Balseiro Lopes.