França. Cavani assume “problema” com Neymar

O uruguaio garante que queria o sucesso do brasileiro no PSG, mas “com a condição de colocar em primeiro lugar os objetivos do grupo”

Pela primeira vez, Cavani admitiu publicamente aquilo que tinha ficado bem à vista de todos os seguidores do mundo do futebol: a existência de uma relação tensa com Neymar, contratado no verão passado a troco de 222 milhões de euros pelo Paris Saint-Germain. O uruguaio e o brasileiro chegaram a discutir nalgumas ocasiões mesmo dentro do campo, nomeadamente em desacordo devido ao batedor de bolas paradas (livres e penáltis).

"É verdade que houve um problema com Neymar. Falámos os dois e eu disse-lhe que era o primeiro a querer que ele ganhasse destaque dentro da equipa, mas com a condição de colocar em primeiro lugar os objetivos do grupo. Calmamente entendemo-nos. Os líderes da equipa tomaram uma decisão e eu respeitei-a", revelou agora Cavani em declarações ao site desportivo francês RMC.

O ponta-de-lança uruguaio, de resto, frisou por várias vezes a necessidade do plantel parisiense ser mais coeso se quer transportar o sucesso interno para as competições europeias. "Temos de ser mais unidos para poder ganhar a Liga dos Campeões. Precisamos de nos expressar mais como um grupo e não apenas como uma equipa. Devemos ser irmãos, uma família", realçou.

Sobre o mesmo tema, Unai Emery deixou uma visão curiosa, citando Jorge Valdano, antigo internacional e treinador argentino. "Um dia, Valdano fez uma reflexão interessante. No Barcelona, Messi é o líder e no Real Madrid é Florentino Pérez. No Atlético Madrid, o líder é Simeone. Um jogador, um presidente e um treinador, cada um com formas diferentes de liderar. Sei quando sou a pessoa mais importante dentro do grupo e quando não sou. É um processo pelo qual todos os treinadores passam", explicou em entrevista à revista Tactical Room o ainda técnico do PSG, completando: "Tens de saber qual o teu papel em cada clube. A minha opinião é que o líder do PSG se chama Neymar. Ou melhor, o líder irá chamar-se Neymar. Está-se a preparar para assumir esse papel. Chegou ao PSG para ser o líder, para viver o processo necessário até converter-se no número um. Ainda falta um pouco para Neymar terminar esse processo. Guardiola é o chefe do Manchester City enquanto no PSG o líder deve ser o Neymar."

Emery, que já anunciou oficialmente a saída do clube parisiense no fim da temporada, lamentou apenas não ter conseguido vencer a Liga dos Campeões nos dois anos em que esteve em Paris. "O ano passado, Pep [Guardiola] disse-me algo fundamental. Para vencer a Liga dos Campeões, o Barcelona viveu dois momentos cruciais na sua história: o golo de Bakero contra o Kaiserslautern [1992] e o golo de Iniesta frente ao Chelsea [2009]. Faltou-nos ter um 'momento Bakero'. Independentemente se és superior ou inferior, se mereces ou não: marcas e o teu destino muda. As grandes equipas têm de passar por momentos como esses", afirmou o técnico espanhol.