Fátima. Movimento em campanha contra lixo deixado por peregrinos

“Não lixes a tua caminhada” é o nome da campanha de um movimento que quer alertar os peregrinos para a consciência ambiental

O aniversário das Aparições de Fátima é já no próximo domingo e as estradas de acesso a Fátima já começaram a ser invadidas por grupos de peregrinos. Mas da caminhada não fica só um rasto de fé: ao longo de quilómetros e quilómetros, os peregrinos vindos de diversos pontos do país deixam garrafas de água, de iogurte líquido e outro tipo de lixo pelo caminho. Por isso, pelo segundo ano consecutivo, o movimento Não Lixes está em campanha para alertar os caminhantes para o problema.

“Decidi fazer novamente esta campanha porque os peregrinos deixam realmente muito lixo para trás”, explica ao i o ambientalista Fernando Jorge Paiva, dinamizador do Não Lixes.

Por uma verdadeira “caminhada de luz”

A campanha “Não Lixes a tua caminhada” – que conta com o apoio do Santuário de Fátima, da autarquia de Coimbra e, este ano, também da Mealhada e do movimento Lixo Zero Portugal – já colocou cartazes nos contentores existentes ao longo do IC2 e nas estradas paralelas. 

“É óptimo que a Câmara Municipal da Mealhada tenha decidido aderir este ano porque a área abrangida pela campanha duplicou”, continua o responsável pela campanha.

“Queremos que os peregrinos percebam que, ao deitarem uma garrafa de plástico para o chão, estão a trazer mal ao mundo. Está a descobrir-se que o plástico se transforma em microplástico e  está a envenenar a cadeia alimentar. Com este problema, a caminhada torna-se escura, em vez de ser uma caminhada de luz, brilhante, sem pegada ecológica”, diz mesmo o responsável pela campanha.

Problema maior? Fernando diz ter ficado estupefacto quando, no ano passado, viu “a quantidade de lixo” na estrada, mas para este ambientalista trata-se apenas um vestígio de um problema maior e que ultrapassa as peregrinações que todos os anos se fazem à estrada.

“Infelizmente as notícias no nosso país não são animadoras quanto à redução do consumo do plástico descartável”, considera Fernando Jorge Paiva, para quem “o hábito de atirar lixo para o chão” continua a estar enraizado no país.

Apesar do retrato feito pelo Não Lixes na zona de Coimbra e da Mealhada, o i falou com vários peregrinos repetentes que, por estes dias, já estão a caminho de Fátima. Há vestígios de algum lixo, sim, mas nada que seja significativo, descrevem ao i. Até porque o cuidado com o lixo é, de resto, um dos principais alertas feitos pela GNR ao longo do caminho.