Henrique Garcia. “Quando recebi a carta de demissão senti que me tinham dado um tiro no meio dos olhos”

Foi por não ter ouvido para a música que começou na rádio. Foi depois o primeiro rosto da TVI 24 e agora foi despedido por carta

Em relação à qualidade do que se faz hoje em televisão? Acha que o excesso de estagiários prejudica a qualidade ou não?

Eu acho que há muita falta de ter mais velhos. Mas Portugal não é um país para velhos, nem para estagiários, não é para os novos, nem para os que estão no ativo que são descartados. 

Foi o primeiro rosto da TVI 24?

Sim e estava muito tranquilo. Quando me perguntavam se eu estava enervado, perguntava se se estava a passar alguma coisa. Falar na TVI 24 era igual a falar noutra televisão qualquer, mas eu já tinha 60 anos. 

A voltar à televisão, o que seria o ideal fazer?

Gostava de fazer a informação 2 ou o jornal 1. Esses formatos que já fiz. 

E a TVI? Imagina-se a voltar a fazer coisas para a TVI?

Estamos divorciados e eu, como sou um cavalheiro, não direi mal do casamento. Até porque nem tudo corre mal dentro dos casamentos. O jornal do dia, que eu fiz na TVI 24, também é um dos modelos dentro dos outros em que me sinto bem. Gosto dos formatos que trazem ao público o contraditório. Traz a vítima e carrasco. Procuro que se exponha mais o que tem poder e é responsável porque conduziu mal, porque deixou as pessoas morrerem nos incêndios. Sou eventualmente mais agressivo com essas posições. Lembro-me, há uns anos, de perguntar a um presidente da CP, depois de haver uma série de acidentes com comboios no espaço de uma semana, porque é que aquilo estava a acontecer. Ele começou por pedir desculpa e eu achei cordial que o estivesse a fazer e dei de barato. Voltei a princípio e ele continua a dizer que fizeram investimentos e um grande esforço de modernização. E eu sou obrigado a perguntar outra vez. E sou obrigado a dizer que percebi que ele não foi ali para responder às minhas perguntas e acabo a entrevista. Também perguntei uma vez ao António Maria Pereira, que era feroz combatente das corridas de touros, se ele gostava de marisco. Ele disse que gostava e eu, que nem gosto de touradas, perguntei-lhe se ele sabia como é que a lagosta ia parar ao prato e a conversa azedou porque a lagosta vai vivinha para dentro da panela. 

Leia a entrevista completa na edição do i desta sexta-feira