Igreja pede debate “sereno, sério, esclarecido” sobre a eutanásia

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa garante que a igreja não vai fazer guerra mas também não vai ficar silenciada

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), António Marto, pediu um debate "sereno sério, esclarecido e esclarecedor, aprofundado e humanizador" sobre a eutanásia.

Apesar de garantir que a igreja não vai fazer guerra sobre este assunto, o também bispo de Leiria-Fátima disse que não vai ficar silenciada.

"Não se elimina o sofrimento de uma pessoa", disse ainda António Marto. "É preciso cuidar da pessoa para lhe aliviar o sofrimento com todos os meios possíveis e a qualidade de vida das pessoas e das famílias", acrescentou.

Para o bispo, mesmo sendo conhecido a posição da igreja sobre o assunto, há "muita falta de esclarecimento e há muita ambiguidade no uso da terminologia e, por isso, a Conferência Episcopal tomou esta iniciativa de mandar imprimir um folheto em género de pergunta resposta para tornar mais fácil e acessível ao nosso povo compreender o que está em questão e as questões que se põem".

"A igreja não podia deixar de se aliar a esta questão, porque a promoção, a valorização da vida humana e a defesa da vida humana em todas as suas fases, em grande parte, é fruto do Cristianismo", acrescentou. "Não fazemos guerras, mas também não podemos ficar silenciados sobre esta questão", reforçou.

António Marto, que falava durante a conferencia de imprensa que antecipava as celebrações no Santuário de Fátima, afirmou ainda que "há questões primárias ainda que a sociedade deveria tratar, por exemplo, em contraste, tanta pressa em pôr a questão da eutanásia em cima da mesa" quando o problema da natalidade ainda está por resolver. "O que é que a sociedade e os governos têm feito para promover a renovação das gerações através dos apoios à natalidade?", questionou. E ainda o risco de pobreza que, segundo dados publicados recentemente, atinge 2,4 milhões de portugueses, um "fosso que tem aumentado entre ricos e pobres". "São questões de ordem social que exigem um empenhamento", acrescentou.