Reino Unido. May tenta travar divulgação de documentos sobre relações com Kadhafi

Nigel Ahston, professor de história internacional na London School of Economics, pediu em 2014 para ter acesso a documentos confidenciais sobre as relações entre o governo britânico e o regime de Muammar Kadhafi, mas o governo britânico de Theresa May tem resistido

O governo britânico, liderado por Theresa May, está a tentar impedir a divulgação de documentos confidenciais que demonstram as ligações entre anteriores governos e o regime líbio de Muammar Khadafi sob a Lei da Liberdade de Informações. 

Em causa está o pedido de acesso a documentos confidenciais por Nigel Ashton, professor de história internacional na London School of Economics, feito em 2014. Os advogados do governo vão apelar na audiência do tribunal a não divulgação dos documentos por serem injustificados, por causa do tempo que demorão a ser trabalhados para que possam ser divulgados e por alegadamente conterem informações que poderão colocar em causa a segurança nacional britânica e as relações internacionais entre os dois Estados. 

"O interesse público em compreender a política externa britânica na Líbia é esmagador", disse Ashton ao jornal britânico "The Guardian". "Parece extraordinário que o Gabinete [da primeira-ministra Theresa May] tenha resistido à minha liberdade de informação a todo o momento", acrescentou. 

Na audiência do ano passado, o tribunal decidiu a favor do professor por este ter alegado que a informação era de "grande interesse e valor para o público", deliberando que por essa razão os argumentos de segurança nacional e de relações internacionais não podiam ser invocados. 

O caso ganhou recentemente uma maior importância por Theresa May, primeira-ministra britânica, ter dito "lamentar profundamente" o papel desempenhado pelo MI6, os serviços secretos britânicos para o exterior, no rapto e tortura de Abdel Hakim Belhaj, líder de uma milícia islamita, e da sua mulher em 2004. 

Os documentos confidenciais pedidos pelo professor de história internacional focam-se no período entre a queda do avião Lockerbie, em 1998, e a queda do regime líbio com a Primavera Árabe, em 2011. O académico pretende estudar a resposta britânica à queda do Lockerbie e o apoio de Kadhafi ao IRA, mas também o período de reaproximação entre os dois Estados e o papel desempenhado pelo Reino Unido no apoio às forças rebeldes que durante meses combateram o regime do ditador líbio a partir da Primavera Árabe.