Costa evita congresso ‘sobre o presente’

Costa não enviou um sms, como fez em 2014, mas pediu aos militantes para que o congresso seja sobre o futuro. O mesmo é dizer que o passado de José Sócrates não deve ser o tema.

Costa evita congresso ‘sobre o presente’

António Costa foi reeleito no passado sábado secretário-geral do PS em eleições diretas e entronizado no congresso que decorre entre 25 e 27 de maio. Esta semana percorreu o país a apresentar a moção que vai levar ao congresso e não faltaram sinais para os militantes de que a reunião dos socialistas é para discutir o futuro e não casos do passado, ou seja, Sócrates e Pinho. O secretário-geral do PS não mandou um sms aos militantes, como fez há quatro anos no congresso que coincidiu com a prisão do ex-primeiro-ministro, mas enviou recados.

Primeiro, numa sessão de esclarecimento no Forúm Lisboa, Costa deixou claro que não quer o PS a «olhar para o drama de hoje», mas sim concentrado «no horizonte de médio e longo prazo». Ou seja, esclareceu Costa, no início da semana, «não faz sentido que o nosso congresso seja sobre o presente, mas sobre o futuro do nosso país». Em Matosinhos, o secretário-geral do PS voltou a pedir aos militantes para que façam deste congresso uma oportunidade para «olhar para o médio e longo prazo, olhar para o fundo da sala, e ver que é que precisamos de fazer hoje em função do que queremos que o país seja daqui a dez anos». 

A direção do PS já se conformou que ao tema Sócrates será inevitavelmente abordado no congresso. O que resta é preparar o congresso de forma a que o tema central seja a estratégia para o futuro. «Podem aparecer quatro, cinco ou 50 congressistas a falar de Sócrates. Isso não estraga o congresso. Não podemos é perder o essencial», diz um socialista, que desdramatiza a possibilidade de alguns militantes abordarem o processo judicial ou a decisão de José Sócrates de abandonar o partido. «Vale mais esta discussão ter sido lançada a duas semanas do congresso do que a duas semanas das legislativas», acrescenta.

A direção do PS quer afastar a ideia de que existe pressão para que os militantes não abordem assuntos indesejáveis. «Não há lei da rolha no PS, era o que mais faltava», disse Ana Catarina Mendes, em entrevista à Antena 1. O Presidente do partido, Carlos César, já tinha dito que «o congresso do PS é um espaço de liberdade, é para isso que nós fazemos congressos e desejamos que o sejam. Qualquer dos militantes que usar da palavra pode dizer aquilo que no seu entendimento seja importante». 

O primeiro apelo para que o PS refletisse sobre o período em que José Sócrates governou o país foi feito pela eurodeputada Ana Gomes. A socialista admite que esse não deve ser o tema principal do encontro, mas não deixará de  abordar o tema do combate à corrupção. «Se o PS quer ser credível aos olhos dos portugueses nas propostas que apresenta para o futuro do país, que vão ser obviamente o principal objeto do congresso, não pode deixar de se comprometer com mecanismos internos e externos de combate à corrupção». 

Daniel Adrião quer um congresso ‘sem tabus’

Daniel Adrião, que disputa as eleições internas com António Costa, rejeita o desafio da direção para que o congresso seja virado para o futuro: «Pode ser virado para o futuro, mas também para o presente e o passado recente. Tudo deve ser debatido abertamente. Tem de ser um congresso sem tabus». O socialista diz ao SOL que «o congresso não poderá passar ao lado» do caso Sócrates e argumenta que foi a direção do PS que colocou o assunto na agenda política». Os militantes socialistas vão eleger este sábado o secretário-geral e os 1.851 delegados ao congresso. Podem votar pouco mais de 51 mil militantes .

Nesta eleição podem votar apenas os militantes, mas o mais certo é que na próxima  já possam votar também os simpatizantes. 

A direção socialista apresenta uma proposta ao congresso que prevê a criação de um Departamento Nacional de Simpatizantes. A intenção é resgistar todos aqueles que queiram votar nas eleições internas do partido sem serem militantes. 

A proposta apresenta por Daniel Adrião vai mais longe e propõe a realização de eleições promáriasa todos os cargos políticos. «A proposta da direcção do PS é uma evolução, mas eu defendo primárias para todos os titulares de cargos políticos. Desde os deputados na Assembleia da República e no Parlamento Europeu aos presidentes de câmara». O Congresso Nacional do PS vai realizar-se na Batalha.