A nova cara de Entrecampos | FOTOS

A Operação Integrada de Entrecampos quer dar à zona 700 fogos de renda acessível, 279 fogos de venda livre, 138 mil metros quadrados de escritórios, 43 mil metros quadrados de comércio, 13,500 metros quadrados de equipamentos sociais e 24,700 metros quadrados de espaços verdes.

“Aqui à volta existia um conjunto de problemas não resolvidos. Acabámos por responder a esses desafios todos que tínhamos: habitação acessível, espaço de escritórios, equipamentos sociais e zona de comércio, mantendo a filosofia que temos tido na gestão da cidade: amplos espaços públicos pedonais e zonas verdes de grande dimensão e qualidade”. Foi assim que Fernando Medina resumiu, esta manhã, a Operação Integrada de Entrecampos, numa visita de apresentação da proposta, que passou pelos locais onde vai nascer a “nova” Entrecampos.

A visita arrancou da Rua Mário Cesariny, junto aos edifícios da EPUL. O local tem vista privilegiada para um dos terrenos que será alvo de intervenção camarária e que será transformado, segundo os planos da autarquia, em habitação, comércio e espaços verdes.

Com Medina a liderar o percurso, a visita passou de seguida por um outro terreno situado na esquina da Avenida das Forças Armadas com a Rua Francisco Lyon. Aqui, “vão ser construídos 3 creches e 1 jardim de infância, uma unidade de cuidados continuados e um centro de dia com lar”, clarificou o autarca, a par de 63 fogos de habitação acessível. Mas a construção/reabilitação dos fogos de habitação não cabe apenas à CML: o terreno em questão pertence “à Santa Casa da Misericórdia” e como este existem ainda cinco outros edifícios, localizados na Avenida da República, hoje ocupados por serviços públicos da Segurança Social – e que estão em fase de negociação entre a Câmara e o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. À CML – que estima investir cerca de 100 milhões de euros na Operação, avaliada em 750/800 milhões de euros -, no âmbito do Programa Renda Acessível, cabe a construção de 515 fogos, num total de 700.

A visita passou depois à Avenida Álvaro Pais, onde o terreno triangular tomado por vegetação junto à linha do comboio é o escolhido para a criação de uma zona privilegiada de escritórios, com espaços verdes amplos. No total, avançou o autarca, a Operação Integrada de Entrecampos pretende dar à zona “138 mil metros quadrados de escritórios”. Desses, 39 mil serão aqui, enquanto os restantes estão projetados para os famosos terrenos da Feira Popular de Lisboa, que serão também ocupados por habitação de venda livre (279 fogos), comércio e espaços verdes.

Uma cidade para todos

A Operação integrada de Entrecampos aposta principalmente em habitação de renda acessível. As 515 casas cuja construção ou reabilitação é assumida pela autarquia correspondem a tipologias entre T0 a T4, “com uma média de 400 euros” de renda, explicou o autarca.

“Um T0 ou T1 poderá custar 150 ou 200 euros”, avançou Fernando Medina. “O nosso conceito de renda acessível é um conceito em que a renda está associada não ao preço de mercado, mas sim exclusivamente associada à taxa de esforço. O que hoje está considerado é que as famílias não devem ter uma taxa de esforço superior a 30% ou 35% do seu rendimento, e é precisamente para isso que nós trabalhamos, por isso as rendas serão cobradas na base desse seu rendimento”, acrescentou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

E porque Lisboa lida com um grave problema de estacionamento, a habitação e os escritórios serão complementados por lugares de estacionamento privado, a par de um parque subterrâneo público na Avenida 5 de Outubro. Fator incontornável para que a autarquia possa arrancar com o processo é a venda dos terrenos da Feira Popular, que permitirá à CML suportar os custos do processo. Os terrenos vão ser vendidos em três hastas públicas.

Outro dos pontos fortes do projeto destacado pelo autarca diz respeito ao emprego. “Estimamos que esta operação venha a gerar cerca de 15 mil empregos”, previu Medina, que avançou que “138 mil metros quadrados” do espaço do projeto serão escritórios.

Referindo-se em específico à antiga Feira Popular, o autarca partilhou uma ideia particulamente ambiciosa. “Este é um plano muito inspirado naquilo que o Eduardo Souto de Moura trabalhou e propôs para estes terrenos. E temos um objetivo: gostávamos de sensibilizar os promotores que vierem a adquirir estes lotes para fazermos deste espaço uma grande montra da arquitetura portuguesa. Queremos que deste espaço venha a nascer uma mostra da moderna arquitetura portuguesa com projetos dos nossos melhores arquitetos, que engrandeceria o projeto urbano que Eduardo Souto de Moura propôs”.

A Operação Integrada de Entrecampos, que será esta quinta-feira apreciada em reunião camarária com o objetivo de “determinar a abertura de um período de discussão pública das orientações estratégicas para a Operação Integrada de Entrecampos pelo prazo de 20 dias úteis” – período em que, por outras palavras, os lisboetas e instituições interessadas vão poder expressar-se relativamente ao projeto.