Geraldes tem de pagar 60 mil euros para ficar em liberdade

Dos quatro arguidos presentes ontem ao juiz de instrução criminal só Paulo Silva aceitou falar

Dos quatro arguidos da Operação Cashball ontem presentes ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, apenas um decidiu falar. André Geraldes, diretor do futebol do Sporting, Gonçalo Rodrigues, braço direito de Geraldes no clube, e João Gonçalves, um dos intermediários da relação com árbitros e jogadores que beneficiariam o clube, mantiveram-se em silêncio. Só Paulo Silva, outro dos intermediários, aceitou contar o que sabia, como aliás tem feito desde o início da investigação.

No final da tarde saíram todos em liberdade, por proposta do Ministério Público, estando o diretor do futebol do Sporting obrigado ao pagamento de uma caução de 60 mil euros. Acessoriamente à proibição de contactos entre os suspeitos, foi ainda determinado que Paulo Silva não pode falar com a comunicação social sobre o caso e que os restantes arguidos estão impedidos de exercer funções desportivas.

Este empresário de futebol admite ter pago a alguns árbitros de andebol e a jogadores de futebol para que ajudassem o Sporting a ganhar.

A Operação Cashball

O Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto está a passar a pente fino a alegada compra de resultados por parte do Sporting em algumas modalidades – com enfoque no futebol e no andebol.

Paulo Silva contou desde o início o que sabia e terá mesmo aceitado entregar o seu telemóvel ao Ministério Público para que fossem feitas diligências. É nesse aparelho que constarão diversas mensagens trocadas por whatsapp com um elementos ligados ao Sporting e das quais resulta que foi posto em marcha um esquema para subornar árbitros de andebol e jogadores de futebol (do Vitória de Guimarães, do Estoril, do Feirense, do Aves, do Tondela e do Chaves). De acordo com as mensagens entretanto já tornadas públicas, no comando deste esquema estaria André Geraldes, o atual diretor de futebol do Sporting.

Além de empresário de futebol, Paulo Silva é adepto do Sporting e admite que cometeu crimes. Ao “CM” garantiu que o fez pelo seu “sportinguismo” e adiantou que recebia 350 euros por cada árbitro de andebol corrompido: “Só fiz isto para combater a fraude que já existia nas modalidades”.

Dizendo que nunca falou com André Geraldes ou com quem quer que fosse da estrutura do Sporting, Paulo Silva confessou que um árbitro que abordou prometeu ajuda sem querer qualquer valor em troca e que o juiz que apitou o jogo de andebol Benfica-Porto da época 2016/2017 recebeu dois mil euros, que lhe foram entregues em Braga.

Paulo Silva tem afirmado aos investigadores que este problema não é só do andebol nem só do Sporting, mas sim de diversas modalidades e de diversos clubes.