Imprensa, jogadores, adeptos e acionistas. O feroz ataque de Bruno de Carvalho

A conferência de imprensa estava marcada para as 13h, mas começou com hora e meio de atraso. Quase duas horas depois terminou com ataque a tudo e todos.

Imprensa, jogadores, adeptos e acionistas. O feroz ataque de Bruno de Carvalho

O presidente do Sporting entrou na sala de conferências de imprensa com os jornais do dia na mão, tendo feito referência às principais capas deste sábado.

Depois, foram quase duas horas de ataques em todas as frentes. Imprensa, adeptos, jogadores, acionistas e políticos. Ninguém escapou à fúria de Bruno de Carvalho.

COMUNICAÇÃO SOCIAL

“Nós somos pais, filhos, maridos, temos a nossa dignidade, honra e respeitabilidade, e esta campanha que se instalou e que a comunicação social dá chegou ao limite de hoje, na capa do Expresso, se dizer ‘Brunos de Carvalho devem ser mortos à nascença’. Temos capas com caricaturas onde estou eu com uma matraca ou uma moca a dizer ‘Bruno deu aval a agressões’. Outra que diz que jogadores acham que seria uma afronta ir ao Jamor. Outra que jogadores não querem Bruno. Outra que diz que compramos outro atleta. E mais, e mais, e mais… Tem de ter o seu limite”, começou por dizer o líder do Sporting.

“Já não é uma questão de processos, é um total desrespeito pelo sentido das regras mais basilares da democracia e pelos princípios e direitos humanos. O que senti esta noite, porque temos estado a trabalhar, acho que estamos a ser alvo – e aqui falo de mim e dos meus colegas, a quem muito agradeço estarem comigo apesar das chantagens diárias – de bullying, de completo terrorismo e a única coisa que falta é entrarem por aqui como aconteceu naquele ato criminoso e arrancarem partes do corpo… Já sofremos tanto de televisões, comentadores, sportinguistas que estão a ser levados numa teia…”, continua Bruno de Carvalho, sublinhando que este se trata do "ataque mais vil, pessoal, indigno" que lhe estão a fazer: "Não vejo afinal onde estão as pessoas que sabiam da capacidade de manipulação e estão a deixar morrer aquele presidente que juraram nas AG e nas eleições que podia dar 24 horas do seu tempo e o corpo às balas para denunciar o que está mal no desporto”, disse.

ÁLVARO SOBRINHO E A HOLDIMO

"A Holdimo é um caso muito curioso… Álvaro Sobrinho era dos homens mais mal falados – e ainda é – por todos os motivos: pelo BESA, pelo congelamento de contas, problemas em vários países. Agora, Álvaro Sobrinho aparece quase como um herói nacional, porque o que ele diz, tem relevância para a sociedade e para o Sporting. Dos 20 milhões que eles colocaram na altura do Eng.º Godinho Lopes. A Holdimo não é uma marca ideal para dar nome e prestígio ao Sporting e vocês próprios o disseram, atacando-nos. Quando fomos buscar Jorge Jesus, foi porque tínhamos o dinheiro sujo de Álvaro Sobrinho".

JOSÉ MARIA RICCIARDI

O líder dos sportinguistas aproveitou ainda para tecer duras críticas a José Maria Ricciardi: “José Maria Ricciardi e agora as pessoas perguntam – porque é que este homem está a pegar um a um em pessoas que em princípio apoiaram a está a falar deles? Durante estes anos errei muito e aprendi muito. Dizem que os líderes têm de ser hipócritas e fui, a bem da união e coesão do Sporting que sempre disse que era estéril, que há uma parte do Sporting que nos recusa e que sempre nos recusará. Ricciardi é o estratega de tudo isto, com promessas nos corredores de entradas de milhões no Sporting com Álvaro Sobrinho, quando só se viu o acerto de contas de 500 mil euros e uma carrinha, o resto foi só esforço e devoção destas pessoas, e agora têm milhões… Porque mudou a sua posição e com eles tantos dos que diziam que eram nossos apoiantes? Ele é um sobrevivente, é um daqueles que vai passando pelos pingos da chuva nem que tenha de ter a família toda na cadeia… Quis assessorar com a sua nova empresa o empréstimo obrigacionista com o Montepio. A proposta foi analisada, recusada e entrou num loop de uma campanha vergonhosa”, aponta BdC.

“Ricciardi continuava a achar que era dono do Sporting, que poderia pôr e dispor, e quando se disse ‘não’ entrou num loop completo e começou a juntar as suas tropas. Podemos falar de Mário David, Álvaro Sobrinho, tantos e tantos que consegue atrair através da perceção de poder que tem e que lhe têm medo – porque estamos num clima de terror, nós e não é o Sporting – pelos mesmos interesses que tiveram sempre à espreita: o momento em que podiam sair da hipocrisia numa tentativa clara de tentarem tomar o poder. Ricciardi, Rogério Alves, estamos a falar de tudo aquilo que o Sporting conseguiu afastar e rumar num rumo distinto que sempre orgulhou e deve continuar a orgulhar os sportinguistas”, continua.

Depois de ter apontado o dedo a Ricciardi e de ter referido que este é "o estratega de tudo o que se está a passar", Bruno de Carvalho quis falar sobre as agressões que ocorreram na passada terça-feira na Academia de Alcochete, a jogadores do Sporting e ao treinador Jorge Jesus.

A ACADEMIA E A CULPA DOS JOGADORES

“Vamos falar do sucedido na Academia e vou tentar ser o mais cuidadoso possível estando 100% disponível para auxiliar a Justiça em todos os aspetos do que aconteceu na Academia, que foi um ato bárbaro de terrorismo, aproveitaram-se de um homem que estava abatido e estava em estado de choque com o que viu, mas tentaram e conseguiram colar na opinião pública que o crime era chato e faz parte do dia a dia. Tiraram tudo do contexto e desonraram um homem que tem honra e é digno. Foi um ato hediondo, mas que tem o seu início. Fala-se num jornal que eu teria dado o aval a agressões e que esse aval teria sido no dia 6 de abril. Aquilo que sabemos é que na Madeira houve atletas do Sporting que infelizmente, por impulsividade, pelo seu temperamento quente, não conseguiram aguentar aquilo que é a frustração. Confesso que os percebo porque já passei por isso, é duro para quem se sente injustiçado, mas temos de saber na vida aguentar e aceitar. Sem o nosso conhecimento, foi dito por um dos ex-líderes da claque Juventude Leonina que iria na terça-feira falar com esses atletas que lhes chamaram nomes e que se viraram. E continuo a dizer que os atletas não têm culpa nenhuma”, afirma.

RESCIÇÃO DOS JOGADORES

"Os nossos jogadores são muito profissionais. Por vezes, nos jogos, não dão tudo aquilo que podem dar, mas isso acontece a toda a gente. Agora, pedir rescisão por um acto que começa numa rixa, digamos assim, provocada pelos jogadores. O Rui Patrício, que tem tempo suficiente – aliás, ele disse-me que foi o único presidente que lhe pediu para deixar uma camisola no museu do Sporting -, não pode nem deve dirigir-se aos adeptos dizendo-lhes que são pagos. Houve uma reunião na segunda-feira em que eu disse que nos tínhamos de nos focar num troféu que ainda podemos conquistar esta época.Perguntei aos jogadores se estavam focados e eles responderam-me que sim. Também perguntei a um jogador se ele sabia o que era virar-se a um líder de uma claque e ele respondeu-me que tinha o sangue quente. Também lhes pedi para me alertarem se houvesse ameaças. E também lhes disse que às 16h estaria na Academia, mas as notícias do Cashball impediram-me de chegar a horas. Eu ia lá estar também e também poderia estar com fracturas, pontos. Estou em choque. Mas quando houve ataques na Academia de Guimarães, também ninguém disse nada, porque não era o Bruno. Há muita coisa para fazer na luta contra a violência no desporto. Mas não quero acreditar que haja uma rescisão de contrato por culpa de um acto que começou involutariamente nos jogadores. Eles não merecem.Isto é uma família. Ainda por cima, eu pus-me à frente de centenas de pessoas para evitar coisas piores e este silêncio dos jogadores é ensurdecedor. Nós, sim, tínhamos razões para processos disciplinares. Não me venham falar de rescisões. Pedimos encarecidamente a todos os sportinguistas que façam do jogo da Taça de Portugal. Tenham respeito pela instituição pelos nossos atletas, administração, direção."

O BENFICA

"Aqui não há e-mails a pedir a nomeação de árbitros. Aqui não há contratos estranhos. Não há sacos azuis. Saberemos gerir isto. Alertamos desde já que existem jogadores em choque, mas, muitas vezes, atrás de um jogador, aproveita-se um advogado ou um agente. E vocês sabem quais têm sido as minhas posições com os bons e maus agentes. Uma coisa vos garanto: o Sporting não ficará sem os seus ativos. O Sporting tomará as medidas necessárias que jamais volte a acontecer um evento destes novamente. Porque o maior especialista, José Manuel Meirim, escreveu que nós íamos perder o caso Bruma, nós ganhámos.”

MARTA SOARES

"O porquê das reviravoltas de Jaime Marta Soares…. Jaime Marta Soares veio propôr-me uma cimeira secreta com o amigo Luís Filipe Vieira. Numa noite desejou-me sorte para a gravidez da filha e no dia seguinte pediu a demissão. Diz que recebeu muitas pressões. Também mentiu na televisão quando disse que apenas trocámos parcas palavras, quando trocámos várias horas de conversa a falar. Estive a falar com vários jogadores, um deles Bruno Fernandes, à frente de Jaime Marta Soares, com aquele ar bonacheirão. E o Bruno Fernandes também me disse que não ia para o norte como se andava a dizer na TV. Relembro-vos as palavras de Jorge Jesus ontem à SIC: 'Quando vi a notícia que eu teria provas de que teria sido o mandante foi ligar para o presidente'. Vocês estão a participar no maior ato terrorista sobre uma pessoa que alguma vez foi feito. Já chegou ao cúmulo de ter dois jornalistas da SIC a baterem-me à porta durante hora e meia, à porta… Chamámos à polícia e eles foram identificados. Eu, neste momento, não sei onde está a minha filha Diana, porque a minha ex-mulher despareceu com a minha filha Diana. Se esta direção cair, o Jaime Marta Soares irá colocar aqui uma comissão de gestão durante seis meses, impedindo-me de recandidatar. Nós vamos fazer três sessões de esclarecimento: norte, centro e sul. E aí vamos auscultar, ouvir e dar todas as explicações necessárias. Não é este presidente da AG ou aqueles que querem tomar o Sporting de assalto outra vez, que nos vão impedir de responder a todas as dúvidas. Nós vamos dar a cara. Vamos lutar pelo Sporting. Lutar pela nossa dignidade. Nós é que nos temos de nos demitir? Enquanto outros clubes que têm e-mails, indícios… Só falta que todas as televisões convoquem Luís Filipe Vieira para comentar a crise do Sporting."

JAMOR

Bruno de Carvalho não vai estar presente amanhã no Estádio do Jamor, onde se joga a finalda Taça de Portugal, por considerar que não estão "criadas condições para que possa estar presente". 

"Não vou usufruir de uma festa no futebol devido a uma campanha que está a ser feita contra mim", referiu o presidente leonino em conferência de imprensa dada este sábado, e que durou cerca de uma hora. 

Recorde-se que, depois das agressões que ocorreram esta terça-feira na Academia de Alcochete, a equipa liderada por Jorge Jesus ainda não voltou a treinar, tendo cancelado o treino de quarta-feira e de sexta-feira. 

O Sporting treina hoje no Jamor.