Agora que está oficialmente encerrada a época 2017/18, o leão quer aproveitar todo o tempo que tem até voltar aos relvados para fazer a mudança de pelo. Numa temporada em que o Sporting, desportivamente falando, falhou todos os objetivos principais a que se propôs, o conjunto verde-e-branco consegue ficar na história não só pelos maus resultados registados dentro das quatro linhas mas, e sobretudo, pela última semana de terror que culminou, este domingo, com o pesadelo da derrota na final da Taça de Portugal, no Jamor. Numa tentativa de o quanto antes ultrapassar aquela que já é considerada a página mais negra da história do clube leonino, e até do futebol português, o emblema de Alvalade começou ontem a definir as prioridades para que seja possível iniciar um novo ciclo. Esta segunda-feira, o clube emitiu dois comunicados a anunciar algumas medidas de implementação imediata, entre elas a “suspensão imediata dos benefícios protocolados” com a Juventude Leonina, no seguimento das agressões ocorridas na Academia em Alcochete, e o reforço das medidas de segurança na Academia e no Estádio José Alvalade.
Audiência com o PM e foco no futuro Na mesma nota, o clube presidido por Bruno de Carvalho revelou ainda que solicitou uma audiência com caráter de urgência ao primeiro-ministro António Costa. Uma audiência, esclarece, que tem como ponto fulcral “discutir todos os assuntos relacionados com o combate à violência no desporto, bem como as propostas que têm vindo a ser apresentadas ao longo do tempo pelo Sporting sobre esta matéria”. Além disso, e reforçando que pela frente há uma nova época, o clube leonino pede a “máxima união” e apoio aos “atletas do futebol profissional” apesar de todo “o sentimento de frustração” na sequência da derrota no Jamor, solicitando ainda a todos os adeptos e sócios que se lembrem “das restantes 54 modalidades”.
Contudo, o regresso do balneário do Sporting à normalidade pode ser ainda uma miragem. Segundo avança a imprensa nacional desportiva, os jogadores leoninos continuam firmes na sua decisão de deixar o clube através de pedidos de rescisão com justa causa. Rui Patrício, William Carvalho, Battaglia, Acuña e Gelson Martins são os principais candidatos a sair dos leões, além do treinador Jorge Jesus. Apesar de sempre ter defendido que iria cumprir o contrato que assinou com os leões até ao fim, ou seja até 2019, a última semana, bem como a deterioração da relação com o presidente BdC, poderá mesmo ter sido a gota de água para o técnico de 64 anos. Para muitos a prova de que a saída é um cenário cada vez mais certo foi a forma como o orientador se despediu, à vez, de cada um dos jogadores, após o encontro com o Aves. A confirmar-se, o ex-treinador do Benfica deverá seguir pelo pedido de rescisão unilateral e, tal como podem invocar os futebolistas, alegar justa causa para tal.
Entretanto, ontem o diário saudita “Al-Watan” avançou a existência de um acordo entre Jorge Jesus e o Al-Hilal, clube dos Emirados Árabes Unidos.
Independentemente de este vir a ser ou não o destino do treinador português, a saída de JJ do Sporting é um cenário cada vez mais provável, faltando apenas conhecer em que condições se fará.
Prisão preventiva para os 23 arguidos Já durante a noite de segunda-feira ficaram conhecidas as medidas de coação dos 23 arguidos. O juiz de instrução criminal do tribunal do Barreiro decretou a prisão preventiva dos 23 arguidos que estão acusados de protagonizar as agressões aos jogadores e equipa técnica do Sporting. O juiz optou por aplicar a medida de coação mais gravosa por considerar que existe risco de fuga e de continuação da atividade criminosa. Recorde-se que os 23 arguidos estão indiciados pelos crimes de sequestro, ofensa à integridade física qualificada, introdução em lugar vedado ao público, dano com violência, terrorismo, resistência e coação sobre funcionário.
Também durante a tarde e noite de ontem foi realizada uma reunião dos órgãos sociais do Sporting. Jaime Marta Soares, presidente demissionário da mesa da assembleia geral do clube, disse, ainda antes de entrar, que espera que da reunião saia “tudo o que de melhor importa para o futuro” do clube.
O presidente da assembleia geral, que se demitiu após as últimas situações vividas na Academia do conjunto verde-e-branco, adiantou ainda que o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, também foi convocado.
“Vamos falar com serenidade, porque o Sporting é mais importante que qualquer um de nós”, concluiu. Marta Soares prometeu falar à comunicação social sobre os temas abordados no fim da reunião para discutir o futuro próximo do Sporting, que teve início às 19h e se prolongou por várias horas.