Algarve. Ocupação vai atingir os 100% e maioria da oferta já está quase esgotada

Preços voltaram a subir este ano e foram acompanhados pelo aumento da procura. Os melhores negócios foram reservados com meses de antecedência.

As perspetivas são animadoras para o setor. A taxa de ocupação no Algarve nos meses de julho e agosto – altura escolhida pela maioria dos portugueses para passar férias – deverá atingir os 100% e, com isso, os preços também irão aumentar. A garantia é dada ao i pelo presidente da direção da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). Elidérico Viegas lembra que o mercado interno ocupa o segundo lugar do ranking da ocupação. Só o britânico é que está à nossa frente.

Esse cenário já se repetiu em anos anteriores, mesmo em altura de crise. “Assiste-se nessa altura a uma verdadeira corrida ao alojamento tanto para unidades hoteleiras como para apartamentos, nem nos anos de crise a procura abrandava”. A euforia, no entanto, verifica-se sobretudo na última quinzena de julho e na primeira quinzena de agosto.
Face a esta elevada procura não é de estranhar que muitas da oferta já esteja esgotada apesar do aumento dos preços. “Surpreendentemente os valores continuam a subir face aos preços cobrados no ano passado. Este ano estamos a assistir a uma subida na ordem dos 2 a 3% e, mesmo assim, a procura não para”, refere o responsável.

Sofia Ferreira, promotora imobiliária que opera na zona de Tavira, corrobora a tendência. “Muitas das casas já estão esgotadas porque a zona do Sotavento tem vindo a registar um grande aumento da procura nos últimos anos”, refere ao i. Ainda assim, a responsável admite que possam existir pontualmente imóveis com uma semana livre para esses meses. “Tudo depende dos preços que os portugueses estejam dispostos a pagar”, esclarece. 

Também a promotora imobiliária reconhece um aumento dos preços para este ano. E dá exemplos: na sua zona, os preços variam entre os 700 e os 750 euros semanais em Santa Luzia para um T2, e os 650 e os 700 euros em Cabanas de Tavira. “São valores que há uns anos eram impensáveis. Isso passou a acontecer de há uns quatro anos para cá”, afirma. Já para a cidade em si, a oferta consiste sobretudo em unidades hoteleiras e aí há preços mais variados.

De uma coisa os dois responsáveis não têm dúvidas: os melhores negócios já estão fechados e foram aqueles que foram reservados com vários meses de antecedência.

O i sabe que muitos portugueses para conseguirem valores mais baixos já estão à procura de quartos para passarem férias. Este tipo de arredamento vem dar alguma resposta a um nicho de mercado ou a uma procura específica, sobretudo junto dos mais jovens. Aliás, o aparecimento deste género de oferta vem na sequência do sucesso que o alojamento local tem tido no mercado português.

Apartamentos com maior procura Elidérico Viegas garante, no entanto, que os preços são variados. Há ofertas para todas as bolsas – só depende da zona e do tipo de estabelecimento. E lembra que dentro das mesmas categorias há preços significativamente diferentes.

A escolha, obviamente, depende muito do agregado familiar. “Quem vai para o Algarve de férias são sobretudo famílias e a maioria prefere apartamentos, o que é natural porque querem estar todos juntos e, acima de tudo, porque é mais económico, uma vez que podem nesse espaço fazer todas ou apenas algumas refeições”. Já quem procura hotéis, segundo Elidérico Viegas, são sobretudo casais.

Também os preços diferem com a quantidade da oferta. Isto significa que as zonas com mais camas têm geralmente preços mais acessíveis e apresentam classificação mais baixa, atraindo pessoas com menor poder de compra. Já nas zonas onde há menos camas há tendência para os preços subirem. E o presidente da AHETA dá o exemplo do Carvoeiro, Quinta do Lago e Vale do Lobo que, “naturalmente, apresentam preços mais elevados”, revela ao i.

Locais mais caros A zona de Quarteira e Albufeira estão no topo da lista das cidades portuguesas com os arrendamentos de casas mais caros, de acordo com o site Holidu. O preço médio por noite é de 180 euros, na época alta. Faro e Lagos surgem a seguir, com 161 euros e 151 euros, respetivamente, por noite. Já as cinco cidades mais baratas para passar estas férias de verão oferecem possibilidades de paisagens variadas. São elas Ponta Delgada, por 80 euros; Funchal, por quase 100 euros; Porto, por aproximadamente 112 euros; Sesimbra, por pouco mais de 115 euros, e Tavira, por 130. Lisboa, Portimão e Porto Santo estão a meio da tabela, com valores que oscilam entre 132 e os quase 140 euros. Feitas as contas, uma estadia em Portugal custa em média 140 euros.

Bons negócios Mas este aumento da procura também tem o reverso da medalha. A HomeAway, um dos líderes mundiais em arrendamento para férias online – conta com mais de 590 mil anúncios em 143 países – analisou os lucros dos proprietários que anunciam os seus alojamentos nesta plataforma e chegou à conclusão que o concelho de Loulé foi aquele onde os proprietários obtiveram um maior lucro trimestral com a reserva dos seus alojamentos para férias: mais de 14 mil euros.

“A tipologia dos alojamentos, que se caracteriza por vivendas ou apartamentos espaçosos quase sempre com vistas, entre outros equipamentos, piscina e proximidade quase imediata da praia, determinam preços mais elevados, o que acarreta um lucro maior para o proprietário” diz a plataforma.

Também o Carvoeiro (13150 euros) e Vilamoura (11739) foram os que obtiveram maiores lucros, pois são localidades que possuem alojamentos de maiores dimensões e onde o preço por noite é mais elevado.