Heloísa Apolónia: Eutanásia não “vai retirar um cêntimo” dos cuidados paliativos

A líder d’Os Verdes não quer que a eutanásia possa ser feita nos serviços privados para evitar que se torne uma forma de lucro

Heloísa Apolónia, d'Os Verdes considera que o debate sobre a eutanásia não deveria estar a acontecer já. "Há etapas que devem ser percorridas e em nada se ganha com a pressa", disse a deputada, remetendo para setembro o período ideal para o debate, uma vez que Os Verdes ainda estão a receber pareceres sobre o projeto.

No entanto, a discutir o assunto, a deputada garantiu que a proposta do PEV "em nada, em absolutamente nada, contribui para reduzir, aligeirar ou desresponsabilizar o Estado relativamente ao seu dever de garantir o acesso dos doentes aos cuidados paliativos". "Não é a despenalização da morte medicamente assistida, a pedido do doente, e em casos extremos, que vai retirar um cêntimo que seja ao investimento nos cuidados paliativos", garantiu ainda a deputada reforçando que esta decisão não pode ser tomada pelo Estado.

A decisão pessoal, dentro dos parâmetros necessários, "não implica obrigar ninguém a escolher a antecipação da sua morte ou que alguém decida pela pessoa em causa", não podendo mesmo "ser sequer incitado ou aconselhado a fazer essa opção". Para Os Verdes, este pedido deve mesmo ser reiterado quatro vezes por escrito, que depois será avaliado por uma comissão para que não haja inconformidade com a lei.

Um dos pontos que diferencia o projeto d'Os Verdes dos restantes projetos a debate é a exclusividade de execução da eutanásia no Serviço Nacional de Saúde. " Os Verdes fazem esta proposta deliberadamente para afastar o setor privado, que pela sua natureza visa obtenção de lucros, dos procedimentos de morte medicamente assistida. Esta é a forma de garantir que a morte medicamente assistida não se torna um fator de negócio no nosso país", justifica a Heloísa Apolónia.

"A morte é algo que consideramos em geral profundamente chocante, a morte da qual passamos a vida toda, em condições normais, a fugir e a temer, a morte é sempre assustadora. As mesmas palavras poderíamos usar para a dor e o sofrimento profundo, incapacitante e insuportável, resultante de doença incurável, fatal e terminal", defendeu ainda a líder d'Os Verdes.

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