Autoeuropa. Plenário agendado para dia 5 para definir formas de luta

Ameaça de greve parece estar de regresso. Trabalhadores estão descontentes com as compensações para a laboração de forma contínua. Administração propôs uma folga extrasemanal ao domingo por cada quatro semanas.

Os trabalhadores da Autoeuropa vão-se reunir em plenário no próximo dia 5 de junho para analisar formas de luta contra o sistema de pagamentos para a laboração contínua – que arranca a partir de agosto –e para apresentar propostas alternativas, apurou o i. Em cima da mesa poderá estar o agendamento de uma nova greve para 9 de junho, no mesmo dia em que a CGTP tem marcada “uma grande manifestação nacional”. 

O SITE Sul, sindicato que convocou a paralisação histórica a 30 de agosto e travou a produção de 400 carros, já veio afirmar que “a administração tem a derradeira oportunidade de se aproximar de uma solução que permita a resolução do descontentamento dos trabalhadores”.

No entanto, deixa uma garantia: “caso a Administração não vá ao encontro das expectativas dos trabalhadores, não devem ser descartadas formas de luta, cujo momento e formato devem ser devidamente apreciados pelos trabalhadores em conjunto com o seu sindicato de classe”.

Em causa está a proposta da administração da fábrica de Palmela que prevê  a atribuição de uma folga extrassemanal ao domingo por cada quatro semanas. Uma situação que não está a agradar aos trabalhadores. 

Além disso, no novo modelo laboral, os operários vão ganhar ao domingo o mesmo que nos dias úteis e vão receber 100% de um dia normal de trabalho por mês por cada dois turnos trabalhados ao fim de semana; serão ainda pagos 25% trimestralmente consoante o cumprimento do volume de produção.

Recorde-se que, depois das férias, a fábrica de Palmela vai funcionar com 19 turnos: três turnos diários de segunda a sexta e dois turnos diários ao sábado e domingo. A ideia é os trabalhadores terem uma semana de trabalho de cinco dias, com duas folgas consecutivas. No entanto, estes dias de descanso serão gozados ao sábado e domingo de duas em duas semanas.

Produção acelera

Os novos horários foram uma consequência direta do aumento das encomendas do novo SUV. A meta já foi anunciada: atingir até final do ano um volume de produção na ordem dos 240 mil veículos – a maioria dos quais, o modelo T-Roc.

O i sabe que, neste momento, já estão a ser produzidos diariamente 870 veículos, dos quais 650 correspondem ao novo SUV, o que dá uma produção de 26 a 27 T-Roc por hora. Mas a ideia é aumentar para 28 a 29 por hora, com vista a dar resposta à crescente procura.

E as contas são simples: com mais T-Roc a saírem da fábrica, as exportações devem acelerar. Em janeiro, as vendas ao exterior do setor automóvel subiram cerca de 46% em termos homólogos, equivalentes a cerca de 680 milhões de euros, devido essencialmente à fábrica de Palmela. 

Aliás, o modelo que está a ser fabricado exclusivamente na Autoeuropa desde agosto vai ter um peso importante nas vendas da marca alemã: o T-Roc deverá representar 40% das vendas da marca até 2027. Trata-se de uma das apostas da Volkswagen, com a empresa a destacar a importância económica do segmento dos veículos utilitários desportivos.