FC Porto. Defesa em remodelação, milhões à vista e ameaças de morte

Marcano vai assinar pela Roma e Diogo Dalot está a caminho do Manchester United – um passo que, para já, lhe valeu todo o tipo de injúrias

São ventos de mudança aqueles que se fazem sentir a norte. Ainda a saborear o champanhe derramado pelo tão desejado título nacional, que já fugia desde 2013, Sérgio Conceição começa já a ver-se envolto em dúvidas relacionadas com a composição do plantel para a próxima temporada, e particularmente no que respeita ao sector defensivo. Para já, é líquido que não irá contar com dois dos defesas titulares na gloriosa caminhada de 2017/18: Ricardo Pereira e Marcano rumaram já a outras paragens.

O internacional português foi vendido ao Leicester City por 22 milhões de euros (que podem chegar ainda a 25) a meio deste mês, e ontem foi a vez do central espanhol dizer adeus à Invicta. Aos 30 anos, e em fim de contrato após quatro anos de ligação aos dragões, Marcano vai assinar pela Roma, onde já chegou ontem, tendo deixado uma mensagem de despedida – e agradecimento – aos portistas através das redes sociais, assumindo o encerrar do ciclo.

A debandada, todavia, parece não ficar por aqui. De acordo com a imprensa inglesa, Diogo Dalot terá já chegado a acordo com o Manchester United para se mudar para Old Trafford, onde estará às ordens de José Mourinho, com os red devils perfeitamente disponíveis para acionar a cláusula de rescisão do jovem lateral, cifrada em “apenas” 20 milhões de euros.

Dalot, de 19 anos, é visto como um dos mais promissores talentos da Europa, jogando com igual desenvoltura no lado direito ou esquerdo da defesa e até no meio-campo, e tinha em mãos uma proposta portista para renovar o vínculo que terminava na próxima temporada. Terá, porém, preferido a oferta do United, o que surpreendeu (e desagradou) aos responsáveis do FC Porto, que depositavam enormes esperanças no jogador e o viam como o substituto ideal para Ricardo. Mas também aos adeptos, que não tardaram a invadir as contas de Diogo Dalot nas redes sociais com mensagens de teor insultuoso e até ameaçador, acusando o atleta de só pensar em dinheiro e de não sentir a camisola do FC Porto, apesar de representar o clube desde os nove anos. Também há mensagens de alento e de parabéns, mas são consideravelmente menos, encontrando-se ainda alguns pedidos para que reconsidere e permaneça no Dragão.

Lançado esta época na equipa principal, com apenas 18 anos, Diogo Dalot cumpriu oito encontros sob o comando de Sérgio Conceição, quase todos como lateral-esquerdo, numa altura em que Alex Telles se encontrava lesionado. Acabaria por perder o lugar para o brasileiro, sofrendo depois uma lesão grave no menisco externo do joelho direito que o levou à sala de operações – foi, de resto, de muletas que se apresentou na festa do título portista.

Boly já rendeu, Layún em vias As alterações no figurino podem não ficar por aqui. É que Diego Reyes e Maxi Pereira também terminam contrato com o FC Porto e não parecem estar perto de renovar. Ainda assim, no caso do lateral-direito uruguaio, as portas para a assinatura de novo vínculo estão entreabertas – mais ainda com as vendas de Ricardo e Dalot; em relação ao central mexicano, tudo indica que vá mesmo sair, depois de cinco anos em que nunca conseguiu agarrar a titularidade.

Estes dois casos configuram situações de saídas a custo zero, tal como a de Marcano, pelo que não representam qualquer encaixe nos cofres portistas. Pelo contrário, só com as vendas de Ricardo e Dalot, o FC Porto assegura desde já 42 milhões de euros, aos quais se juntam outros 12, referentes à venda de Willy Boly ao Wolverhampton. O central francês, contratado ao Braga a troco de 6,5 milhões de euros em 2016/17, esteve emprestado ao Wolves esta temporada e agradou aos responsáveis do clube inglês (37 jogos e três golos), com o técnico Nuno Espírito Santo a dar o aval para a sua contratação definitiva.

Estamos, assim, a falar já de 54 milhões de euros com apenas três transferências, sendo ainda muito provável a entrada de mais seis milhões – o valor da opção de compra do passe de Miguel Layún pelo Sevilha, a quem está emprestado desde janeiro. O internacional mexicano agradou sobremaneira aos responsáveis andaluzes nos cinco meses que passou em Espanha (18 jogos e dois golos) e já por diversas ocasiões garantiu que a sua vontade passa por ficar em Sevilha a título definitivo, pelo que mais dinheiro em caixa parece estar a caminho dos cofres dos dragões.