Carros usados. Também podem ser uma boa oportunidade de negócio

Compradores devem ter sempre em conta as garantias. Negócio entre particulares é mais arriscado

lll Os carros em segunda mão até três anos também podem ser vistos como uma boa oportunidade de negócio, principalmente por causa da desvalorização dos modelos novos. A maioria dos veículos perde cerca de 20% do seu valor ao fim de um ano. Mas, apesar de serem considerados um bom investimento, os usados também exigem cautelas redobradas, sobretudo se o negócio for realizado entre particulares ou pela internet. 

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) lembra que “por baixo de uma pintura reluzente ou de um ecrã de computador escondem-se, por vezes, problemas difíceis de detetar: acidentes, avarias frequentes, quilometragem adulterada e outro tipo de fraudes”.  

Por isso mesmo, a associação alerta os consumidores para não correrem riscos. Como tal, antes de avançarem para o negócio devem pesquisar o valor justo do carro, pedirem uma vistoria técnica e informarem-se sobre as garantias legais. 
Outro fator a ter em conta diz respeito às garantias que são disponibilizadas. Tal como acontece com os novos, também os usados têm direito a dois anos de proteção. Mas isso nem sempre acontece. De acordo com a Deco, “muitos estabelecimentos oferecem à partida só um ano ou fazem desconto no preço se o cliente prescindir de qualquer garantia, o que é ilegal.” E acrescenta que “a lei admite a redução da garantia até um ano por acordo entre vendedor e comprador, nunca para menos”. 

Já nos negócios entre particulares não existe garantia, o que torna a compra mais arriscada mas, mesmo assim, continua a existir alguma proteção. Isso significa que durante os seis meses seguintes à compra do automóvel, o comprador pode provar que o veículo não tem as características anunciadas para exigir a reparação ou conseguir a anulação do contrato.
Além de reduzirem o prazo, vários stands excluem da garantia peças ou componentes: ar condicionado, embraiagem, correia de distribuição, etc. Outros limitam a garantia a uma determinada quilometragem ou a um valor máximo por reparação. Mas, segundo a Deco, qualquer destas situações é ilegal. 

Quando detetar um defeito dentro do período de garantia, o comprador dispõe de dois meses para apresentar a fatura e acionar a garantia. A partir daí terá dois anos para avançar com uma ação em tribunal. Em regra, pode optar pela reparação, substituição por outro carro com as mesmas garantias, redução do preço ou anulação do contrato. A lei não impõe nenhuma solução, a decisão caberá sempre ao consumidor.