Giuseppe Conte defende a sua política populista no Senado italiano

O primeiro-ministro de Itália reitera pertença da Itália à UE e à Aliança Atlântica mas também vontade de abertura em relação à Rússia

O novo primeiro-ministro de Itália defendeu ontem, no Senado, a sua política “populista”, que passa pelo combate ao “negócio” da imigração, – com uma mudança na política europeia – abertura em relação à Rússia e crescimento económico para reduzir a dívida pública. 

“As forças políticas que formam este governo têm sido acusadas de ser ‘populistas’ e ‘antissistema’. Se ‘populismo’ significa que a classe governante ouve as necessidades das pessoas e se ‘antissistema’ significa querer introduzir um novo sistema, que remove velhos privilégios e poder incrustado, então estas forças políticas merecem ambos os epítetos”, disse Giuseppe Conte ao lado dos dois vice-presidentes da coligação: o líder do Movimento 5 Estrelas e ministro do Trabalho e Indústria, Luigi di Maio, e o líder da Liga Norte, Matteo Salvini, responsável pela pasta do Interior.

 “A verdade é que criámos uma mudança radical e estamos orgulhosos disso”, afirmou o líder do executivo transalpino, advogado de 53 anos e desconhecido até há duas semanas, antes de pedir a confiança do Senado, que conseguiu numa votação ao fim do dia. Hoje haverá novo voto de confiança, desta vez no Congresso dos Deputados, no qual se espera também apoio ao governo. 

Depois de garantir os votos de confiança, Conte viaja para o primeiro compromisso internacional: a cimeira do G7 no Canadá, que começa sexta-feira.

No seu discurso, Conte anunciou que vai exigir com firmeza que seja ultrapassado o Protocolo de Dublin para assegurar o respeito efetivo de uma repartição equitativa das responsabilidades e para criar sistemas automáticos de repartição obrigatória dos candidatos a asilo”, afirmou. O Protocolo de Dublin estabelece que os pedidos de asilo devem ser analisados no Estado pelo qual o refugiado entrou na UE. Itália é, depois da Grécia, o segundo principal ponto de entrada de migrantes na UE. Conte qualificou como “um fracasso” a política de imigração europeia e acrescentou que quer acabar com “o negócio da imigração, que cresceu fora de controlo, sob o mando da falsa solidariedade”.

Por outro lado, defendeu que a Itália tem de reduzir a sua dívida pública, a segunda maior na UE. (…) mas vamos fazê-lo com crescimento e não com medidas de austeridade”, disse, reiterando que a dívida “é plenamente sustentável, mas deve ser reduzida, numa perspetiva de crescimento económico”, de forma a reduzir a diferença de crescimento entre a Itália e a Europa: “É o nosso objetivo.”

Política Externa Em matéria de política externa, o líder do executivo transalpino disse que iria “promover uma revisão do sistema de sanções” a Moscovo. “Somos partidários de uma abertura em relação à Rússia, que nos últimos anos reforçou o seu papel internacional em diversas crises geopolíticas” e é um parceiro das empresas italianas.

Mas, acrescentou, “queremos sublinhar acima de tudo a pertença convicta do nosso país à Aliança Atlântica, com os Estados Unidos como parceiro privilegiado”. Além disso, garantiu, a “Europa é a nossa casa” mas que se quer “mais forte, mas também mais justa”.