Media Capital. Impresa diz que “não há qualquer tipo de remédio que possa servir”

Se a operação se concretizar, “o impacto vai ser negativo sobre os dois planos, o plano da concorrência e do pluralismo”, alerta.

O presidente executivo da Impresa considerou hoje que “não há qualquer tipo de remédio que possa servir” ao negócio de venda do grupo Media Capital à Altice, reiterando a oposição ao negócio.

“A nossa posição é clara. Nós consideramos que esta operação não devia ser aprovada e, portanto, que não há qualquer tipo de remédio que possa servir para que esta operação possa mitigar os riscos”, disse Francisco Pedro Balsemão em declarações à agência Lusa.

Falando à margem do congresso mundial de jornalismo promovido pela World Association of Newspapers and News Publishers (WAN-IFRA) em conjunto com a Associação Portuguesa de Imprensa (API), no Centro de Cngressos do Estoril, o responsável notou que tem acompanhado este assunto “de forma muito ativa”, aguardando agora a decisão final da Autoridade da Concorrência (AdC).

“Vamos ver o que a AdC tem para dizer. A decisão final é que vai dizer se vem ou não em linha com aquilo que preconizámos desde o início, que era que operação não devia acontecer”, acrescentou Francisco Pedro Balsemão.

De acordo com o presidente executivo da Impresa, dona da Sic e do semanário Expresso, se a operação se concretizar, “o impacto vai ser negativo sobre os dois planos, o plano da concorrência e do pluralismo”.

No que toca à concorrência, passa a existir uma “capacidade de a Altice prejudicar os seus concorrentes sejam eles os distribuidores ou os operadores de televisão”, referiu, vincando que esta “é uma consequência, não vale a pena negar”.

Em relação ao pluralismo, defendeu que a multinacional passará a impedir que “o que está à sua volta não seja capaz de crescer, [fazendo-o] por mérito não próprio”.

“Não acho que seja a solução”, adiantou Francisco Pedro Balsemão.

No final de maio, a AdC anunciou que tinha rejeitado os compromissos apresentados pela Altice para a compra da Media Capital por entender que "não protegem os interesses dos consumidores, nem garantem a concorrência no mercado". No entanto, após saber dessa decisão, a Altice Portugal manifestou discordância perante a posição do regulador, afirmando não estar disponível "para apresentar quaisquer outros" compromissos.