SNS. “Aliados ou adversários de hoje passam”, diz Marcelo

PR antecipou ontem campanha eleitoral: “Saúde será um dos tópicos cimeiros de confronto partidário”

Marcelo apelou desde o início do mandato à formulação de um pacto para a saúde e ontem, na abertura de uma convenção nacional que pretende propor uma agenda para a década no setor deixou conselhos e identificou obstáculos ao debate. Está em causa um “equilíbrio difícil”, disse o Presidente da República, lembrando que o papel do público, privado e social pode ser motivo de clivagem. Mas também pode haver tendência a adotar um texto muito “fixista” ou então algo mais vago, alertou, desejando que o resultado seja “flexível” o suficiente para lidar com a “galopante mudança” em termos tecnológicos e de necessidades da população.

Ao longo da intervenção na abertura do encontro, que termina hoje na Culturgest, Marcelo disse que o grande desafio dos participantes era “tornar viável” um debate que terá lugar a partir de setembro e no início do próximo ano, altura em que o governo antevê discutir a proposta de revisão da lei de bases da saúde que está a ser trabalhada por uma comissão liderada por Maria de Belém de Roseira. Não houve referência ao facto de o Bloco de Esquerda ter antecipado o início da discussão política para este mês, ao agendar de forma potestativa no parlamento o debate de um projeto-lei inspirado no livro da autoria de João Semedo e António Arnaut, que defende o fim das PPP ou das atuais taxas moderadoras. Já no final da intervenção, Marcelo, que remeteu por duas vezes o debate para setembro e numa altura em que os partidos à esquerda têm feito mais críticas ao governo, disse que “em tempo de confrontos públicos” importava fazer um “ponto desdramatizado da situação”. E “perceber que os aliados ou os adversários de hoje passam e que o que verdadeiramente importa são os caminhos mais ou menos ambiciosos”, disse.

O fruto da convenção na Culturgest, convocada pelas diferentes ordens profissionais do setor – e que aborda temas como o financiamento do SNS, a complementaridade entre público e privado e o acesso à inovação – deverá começar a ganhar forma esta sexta-feira.

Marcelo antecipou ainda que a discussão em torno da saúde será “um dos tópicos cimeiros de confronto partidário” na campanha eleitoral do próximo ano.

“As metas e caminhos a definir devem ser, em tese, de longo fôlego, ultrapassando uma legislatura, um governo, um mandato presidencial”, apelou, sublinhando que o “alfa e o ómega” da discussão são as pessoas.