Estudo diz que estudar 17 anos contribui para desenvolver miopia

A miopia tem sido associada a elevados níveis de educação, mas só agora foi possível comprová-lo com este estudo

E se frequentar o ensino superior contribuir para o aumento da miopia? Foi precisamente esta a pergunta de partida que levou investigadores no Reino Unido, entre os quais Edward Mountjou, NeilDavies e Danis Plotknikov, a analisarem o ADN de quase 68 mil pessoas para perceberem qual a predisposição genética para o desenvolvimento da miopia. 

Há mais de um século, afirmam os investigadores, a miopia tem sido associada a elevados níveis de educação mas, e apesar das evidências observadas, nunca se conseguiu comprovar a sua relação com a educação. Se a genética é importante no desenvolvimento da deformação ocular, não é o único fator a ter em consideração. O aumento da miopia, nomeadamente da alta miopia, por todo o mundo, principalmente nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, parece estar associado ao facto das pessoas entrarem, na sua infância, em contacto com instrumentos de leitura e de aprendizagem. 

A genética cria a predisposição, mas as causas sociais e o avanço da sociedade em termos educacionais contribuem para o acelerar da miopia.  

O estudo, intitulado Education and mopia: assessing the direcion of causalit by mendelian randomisation (Educação e miopia: avaliação da direção da causalidade por randomização mendeliana), concluiu que um total de 17 anos a estudar, incluindo os estudos superiores na universidade, contribui para um grau de miopia acrescido, se se comparar com quem teve 12 anos de educação ou até com quem deixou de estudar aos 16 anos. O grau de miopia na sequência de 17 anos de estudo é relativamente reduzido, mas  mesmo assim contribui para que uma pessoa venha a precisar de usar óculos ou lentes para o resto da vida – exceto se resolver as más deformações que originam a miopia por meio de cirurgia. 

“Este estudo fornece fortes evidências de que mais tempo gasto em educação é um fator de risco causal para a miopia”, pode ler-se na conclusão do estudo. “Com o rápido aumento da prevalência global da miopia e o peso económico da miopia e das suas complicações ameaçadoras à visão, os resultados deste estudo têm importantes implicações para as práticas educacionais”, defendem os investigadores. 

Ainda que a educação tenha influência na miopia, os redatores do estudo consideram que os resultados alcançados com a investigação devem alertar para a necessidade de se repensarem as práticas educativas e não reduzir-se os anos de educação. “O crescimento do olho axial ocorre predominantemente durante os anos escolares e, uma vez que os níveis de miopia tendem a estabilizar na idade adulta, qualquer intervenção para interromper ou prevenir a miopia precisa de ser aplicada na infância”. 

Um outro estudo sobre miopia, Global Prevalence of Myopia and Hig Myopia and Temporal Trends from 2000 through 2050, calculou que por todo o mundo mais de 1406 milhões de pessoas padecem desta deformação ocular, cerca de 22% da população mundial, e que destes, cerca de 163 milhões têm alta miopia, 2,7% da população mundial. O estudo também prevê que por volta de 2050 existam cerca de 4758 milhões de pessoas com miopia por todo o mundo, não menos que 49,8% da população mundial, enquanto que 938 milhões terão alta miopia, não mais que 9,8% da população mundial.