Autarquia salva Festival de Teatro de Almada

Cortes no financiamento foram repostos pela autarquia liderada por Inês de Medeiros. “Ano de exceção” assumido pela organização. 

Na apresentação do 35º Festival de Teatro de Almada, o diretor Rodrigo Francisco reconheceu que o «corte de verbas» afetou a programação e não fugiu ao problema. "O público habituou-se a ver as melhores companhias mundiais. Este ano não foi possível", lamentou  em conferência de imprensa, recorrendo à muito futebolística expressão «omoletes sem ovos» para ilustrar as dificuldades. 

De um orçamento total de 576 mil euros, apenas 91 mil, o equivalente a 16%, provêm dos subsídios da DGartes. Um corte drástico de 25% (cerca de 110 mil euros) anunciado em maio, quando a programação anual já tinha sido fechada em janeiro. "Ou se cortava na programação, ou se cortava o festival", explicou a Presidente de Câmara, Inês de Medeiros, para quem a Companhia de Teatro de Almada tem a especificidade de trabalhar em duas frentes – a programação anual e o festival –  e, por isso, não deve ser tratada sob os mesmos critérios de outras companhias. 

E uma vez que "o município quer que o festival continue a ser uma referência e o grande evento mobilizador da cidade e do concelho", viabilizou o festival através de apoio financeiro reforçado. "A Câmara acorre de forma excepcional no apoio ao festival porque consideramos que o Estado central não se pode alhear do maior festival de teatro do país", declarou.

"Não se pode, por isso, ter como missão promover a internacionalização da cultura portuguesa e, em simultâneo, reduzir em 25% o financiamento do que mais contribui para essa mesma internacionalização", lamentou a autarca que, tal como noticiado pelo i, expressou pessoalmente "o seu desagrado ao Ministério da Cultura e ao gabinete do primeiro-ministro".
Em "ano de grandes dificuldades", "Bigre", da companhia francesa Le Fils du Grand Réseau, foi a peça escolhida pelos espectadores da edição do ano passado para o Espectáculo de Honra que, como é tradição, inaugura o festival. Uma repetição da abertura de 2017. 

A poetisa, dramaturga e tradutora Ivette Centeno é a homenageada. A coreógrafa Olga Roriz será a responsável pelo programa de formação O sentido dos mestres, a decorrer nos dias 9, 11 e 12 de julho na Casa da Cerca. No dia 14, o centenário do nascimento de Ingmar Bergman, a coreógrafa apresenta A Meio da Noite, espetáculo de homenagem ao realizador. Um outro tributo é o de Diogo Infante a Carmen Dolores. "Carmen" estará em cena de 12 a 15 de julho no Teatro da Trindade. 

Paulo Brighenti assina o cartaz do festival e inaugura a exposição Velho Sol na Casa da Cerca. Aassinatura custa 75 euros.