Onda de calor invade Portugal na próxima semana

IPMA prevê risco muito elevado de incêndio para este fim de semana nos concelhos de Mação, Gavião, Vila Velha de Ródão e Proença à Nova. No sotavento algarvio, o risco é máximo.  

Depois de uma primavera fria e extremamente chuvosa, segundo o último balanço do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, as previsões para os próximos dias apontam para uma subida considerável das temperaturas. E apesar do período crítico do Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios só começar a 1 de julho, o IPMA já prevê um risco considerável de incêndio para este fim de semana em algumas zonas do país, o que segundo a lei proíbe as populações de fazer queimas ou lançar foguetes.

A situação agrava-se em particular no domingo, dia em que passa um ano sobre a tragédia de Pedrógão Grande. Segundo os mapas do IPMA, neste dia haverá quatro concelhos com risco muito elevado de incêndio: Mação, Gavião, Vila Velha de Ródão e Proença-a-Nova. Já no sotavento algarvio, nos concelhos de Alcoutim, Tavira e Castro Marim, o IPMA considera mesmo haver risco máximo de incêndio florestal. Num caso como noutro, este nível de risco de incêndio impõem automaticamente restrições ao uso de fogo como a proibição de queimadas extensivas ou queimas de amontoados, mas também a proibição de fumigar ou desinfestar em apiários a menos que os aparelhos tenham dispositivos de retenção de faúlhas. É ainda proibido o lançamento de balões de mecha acesa e de foguetes. Apesar destas indicações no site do IPMA, à hora de fecho desta edição a Proteção Civil não tinha emitido qualquer aviso à população.

Ainda assim, tal como aconteceu no ano passado por esta altura, o facto de haver previsões de aumento das temperaturas não parece ter levado as autoridades a antecipar o período crítico – em 2017, depois de Pedrógão, o período crítico seria decretado a 22 de junho.

Noites e dias tropicais 

O IPMA admite que a partir de domingo as temperaturas tendem a aumentar (ontem os mapas de incêndio ainda não estavam disponíveis para a próxima semana), devido a uma massa de ar quente que trará até noites tropicais.
Emanuel Oliveira, consultor em incêndios florestais que acompanha regularmente os modelos meteorológicos, admite que na próxima semana poderá mesmo haver uma sensação térmica ‘sahariana’, também na região de Lisboa. Segundo o especialista, sobretudo a partir do dia 21 (quinta-feira) é esperado um aumento considerável da temperatura, que alguns modelos sugerem que poderá ser de 4.º acima da média. 

A sensação térmica, explica, é medida pelo índice ‘wind chill’ e tem a ver com a temperatura mas também com a velocidade do vento e com a humidade relativa do ar. Nos próximos dias, além da subida dos termómetros, a sensação térmica será condicionada por ventos secantes de nordeste.

«As regiões do país que deverão registar valores mais elevados, a partir do dia 21 de junho, serão aquelas que situam a sul do rio Mondego, podendo aproximar-se a 40 ºC», antecipa o perito, admitindo que nestes dias haverá um aumento do risco de incêndio. Condições que poderão coincidir com as festividades de S. João, em que há a tradição de balões de ar quente, algo proibido em situações de risco elevado. «Creio que o bom senso vai imperar por parte da população e as entidades competentes tomarão as medidas de prevenção e de segurança ao abrigo da legislação em vigor», diz Emanuel Oliveira, que acredita, porém, que esta ideia de período crítico não faz sentido, principalmente no atual quadro de mudanças climáticas.