Turismo em alta puxa por novos hotéis

Mais turistas representam também mais postos de trabalho. Só no primeiro trimestre do ano foram criados mais de 21 mil novos empregos na restauração e no alojamento. 

O crescimento do turismo em Portugal continua a puxar pelo aparecimento de novas ofertas hoteleiras e de novos postos de trabalho. Ao todo, entre 2017 e 2018, deverão surgir cerca de cem novos hotéis, a grande maioria em Lisboa e no Porto. Só para este ano, as estimativas da AHP apontam para 61 novas unidades e 23 reaberturas remodelações, enquanto no ano passado abriram 45 novas unidades. A verdade é que há sempre atrasos nestas inaugurações, quer se devam a demoras na aprovação e licenciamento dos projetos, a dificuldades logísticas no cumprimento ou a alterações/ redefinição na estratégia de posicionamento dos investidores.

No âmbito da análise ao pipeline imobiliário, a Confidencial Imobiliário revelou que só no ano passado entraram em licenciamento 80 novos projetos de hotéis no mercado nacional. Lisboa e Porto mantêm-se como os dois concelhos que apresentam maior número de novos projetos em pipeline, embora municípios adjacentes como Sintra ou Matosinhos também tenham beneficiado de um acréscimo do número de novos projetos, principalmente em 2017, com três novos hotéis em carteira cada um.

«A dinâmica temporal mostra que o investimento hoteleiro tem cada vez mais saído de Lisboa, dispersando-se geograficamente e dinamizando mercados menos centrais. De facto, 60% do crescimento no número de novos projetos em carteira observado em 2017 teve lugar nas regiões não metropolitanas», revela Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.

Mas a esta oferta tradicional há que somar ainda o alojamento local (AL) que mais do que duplicou em dois anos e que, em termos de número de camas, já ultrapassa as que são disponibilizadas pela hotelaria.
E as contas são simples: as 59.300 unidades de alojamento local em Portugal oferecem 229 mil camas, um valor que bem fica acima das 181 mil camas oferecidas pelos 1.200 hotéis existentes no país.

Postos de trabalho 

Aliado à diversidade da oferta também a explosão do turismo tem contribuído para a criação de novos postos de trabalho. De acordo com a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), só este setor criou mais de 21 mil novos postos de trabalho no primeiro trimestre do ano.

«O início de 2018 supera, pela primeira vez desde há 10 anos, o volume de empregabilidade registada no Canal HORECA no primeiro trimestre, com um total com 315.500 postos de trabalho, e com uma variação homóloga de mais 21.400 novos postos de trabalho. A restauração criou, por si só, 17.400 novos postos de trabalho e o alojamento mais 4 mil», diz a associação.

José Manuel Esteves, diretor geral da AHRESP, garante ainda que, mesmo em época baixa, as empresas estão a contratar, «o que significa que estamos no bom caminho no que respeita ao combate da sazonalidade». 
Aliás, essa tem sido uma pedra de toque do setor. Segundo a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, a batalha tem vindo a ser ganha, com mais turismo ao longo de todo o ano, o que garante receitas nos vários meses e geração de emprego que não seja apenas sazonal.

Outro aspeto a melhorar diz respeito ao aumento da permanência média dos visitantes, a par do aumento dos preços. Ainda assim, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), assistiu-se a um abrandamento em abril na atividade turística depois de termos assistido a recordes atrás de recordes. Uma quebra que se justifica por efeitos excecionais: a Páscoa e a chuva. «Estes resultados foram influenciados pelo efeito do calendário do período de Páscoa, dado que em 2018 esta época impulsionou as dormidas na hotelaria essencialmente no mês de março e em abril verificou-se ainda acentuada pluviosidade», diz o organismo.

Em abril, os estabelecimentos hoteleiros registaram 1,8 milhões de hóspedes e 4,7 milhões de dormidas, o que representa uma descida de 5,4% e 8,4% (+11,7% e +9,9% em março, respetivamente). As dormidas de residentes diminuíram 9,3% enquanto as dos não residentes recuaram 8%, contrastando com os crescimentos registados em março (+15,4% e +8%, respetivamente). Também a estada média (2,62 noites) reduziu-se 3,1% (-2,9% no caso dos residentes e -3,5% nos não residentes). A taxa líquida de ocupação-cama (49,9%) recuou 4,7 pontos percentuais.

Também os proveitos totais abrandaram para um crescimento de 2% (+17,5% no mês anterior), tendo atingido 276,7 milhões de euros. Os proveitos de aposento atingiram 199,9 milhões de euros e aumentaram 2,1% (+21,2% em março).

Turistas derrapam

Os treze principais mercados emissores representaram 82,9% das dormidas de não residentes e apresentaram resultados maioritariamente decrescentes. As dormidas de hóspedes do Reino Unido (20,9% do total das dormidas de não residentes) recuaram 8,9%, mantendo a tendência dos últimos meses. No primeiro quadrimestre do ano, este mercado apresentou uma diminuição de 7,0%.

Também o mercado alemão (14,4% do total) evidenciou uma redução de 9,3% em abril. Desde o início do ano, este mercado recuou 2,3%. As dormidas de hóspedes franceses (10,7% do total) recuaram 7,3% em abril. Este mercado foi, entre os cinco principais mercados emissores, o único que apresentou crescimento nos primeiros quatro meses do ano (+2,7%).
O mercado espanhol (8% do total), tradicionalmente sensível ao ‘efeito Páscoa’, apresentou uma redução de 39%. No total dos primeiros quatro meses do ano, este mercado registou uma ligeira diminuição de 0,7%. As dormidas de hóspedes dos Países Baixos (4,9% do total) decresceram 13,0% em abril. Desde o início do ano, este mercado recuou 12,4%.
Em abril, destacaram-se os crescimentos dos mercados norte-americano (+14,8%) e brasileiro (+10,2%). No primeiro quadrimestre do ano, o destaque vai para as evoluções nos mercados norte-americano (+20,1%), brasileiro (+13,5%) e sueco (+13,4%). 
Em abril, registaram-se reduções das dormidas em todas as regiões, mais acentuadamente no Alentejo (-15,4%). Os menores decréscimos registaram-se no Norte (-3,1%), Açores (-4,3%) e Lisboa (-4,9%).