Sporting. Bruno troça das decisões dos tribunais

A Comissão de Gestão nomeada pela Mesa da Assembleia-Geral (e legitimada pela justiça) garante ter sido impedida de entrar no Estádio de Alvalade. O presidente leonino confirmou e ainda gozou com a situação: “Foram lá tomar um café!”

“Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa? Não reconheço”. Esta não foi uma frase dita (ainda) por Bruno de Carvalho – pelo menos publicamente -, mas podia muito bem ter sido. O presidente do Sporting, que já garantiu por diversas ocasiões não reconhecer a Comissão de Fiscalização, a Comissão de Gestão ou mesmo o próprio estatuto de Jaime Marta Soares como presidente da Mesa da Assembleia-Geral (MAG) dos leões, continua na sua demanda de enfrentar este mundo e o outro e ontem adicionou-lhe mais um capítulo, ao impedir a entrada no Estádio de Alvalade da Comissão de Gestão nomeada pela MAG e constituída por 11 elementos, entre os quais Artur Torres Pereira (ex-vice-presidente de Bruno de Carvalho), Sousa Cintra (antigo presidente dos leões) e Luís Marques, ex-diretor da RTP e da SIC.

Essa é, pelo menos, a versão destes três elementos. “A Comissão de Gestão, no cumprimento do seu mandato, deslocou-se a Alvalade para poder iniciar as suas funções no estádio. O acesso foi-nos vedado, negado, numa manifestação de hostilidade para com a comissão de gestão e de desprezo pelas decisões judiciais que legitimam a nossa presença no estádio de Alvalade”, disse Artur Torres Pereira, líder da Comissão de Gestão, à CMTV/jornal “Record” à saída do recinto.

Já durante a tarde, este órgão garantiu estar já a preparar uma queixa para apresentar em tribunal – tal como ao presidente da MAG, Jaime Marta Soares -, considerando estar perante “mais uma violação das recentes decisões judiciais aplicáveis aos órgãos sociais legítima e legalmente reconhecidos”. “Estamos perante um ato prepotente e autoritário por parte de quem considera o Sporting como sua propriedade e não dos sócios”, comunicou a entidade liderada por Torres Pereira.

Na mesma nota, a Comissão de Gestão manifestou ainda uma “profunda preocupação com a degradação económica e financeira da SAD do Sporting, a qual resulta inequívoca na comunicação à CMVM dos respetivos auditores, PWC”, numa alusão a um comunicado da SAD desta terça-feira, no qual revela que o auditor PWC considera existir uma ameaça à continuidade das operações da sociedade na sequência das rescisões de contratos de nove jogadores e uma impossibilidade de realização do valor de venda dos ativos no curto prazo. 

Por essa razão, esta entidade prometeu “tomar as diligências apropriadas para concretizar com celeridade uma auditoria às contas do Sporting” e comunicou ainda aos bancos que trabalham com o clube leonino “que se devem abster de quaisquer operações com o Conselho Diretivo suspenso de funções”.

 

A mocidade carvalhesca Pelo meio de tudo isto, Bruno de Carvalho e o Facebook, pois claro. Ao fim da manhã, o presidente do Sporting recorreu à sua rede social preferida para, ao seu melhor estilo, troçar com a situação, dando a entender que os três membros da Comissão de Gestão apenas pretenderam algum protagonismo com a mesma, escrevendo que estes “fizeram uma cena de que foram impedidos de entrar” e que foram ao Multidesportivo de Alvalade “tomar um café”.

Na publicação, o líder leonino desafia ainda os elementos da que continua a chamar “putativa comissão de gestão” para participar num debate “olhos nos olhos” consigo esta noite, às 21 horas, na Sporting TV, com o intuito de “esclarecer a nação sportinguista”. E acaba, como tem sido hábito nos últimos tempos, com a frase “Os sportinguistas que escolham…”, referindo-se às eleições antecipadas que parecem inevitáveis. Bruno de Carvalho, de resto, já tinha afirmado anteriormente que não iria permitir a entrada em Alvalade da referida Comissão de Gestão, pelo que os acontecimentos registados na manhã de ontem acabaram por não surpreender.

Curiosamente, ao início da noite, a SAD do Sporting emitiu um comunicado a assumir ter barrado a entrada em Alvalade de Torres Pereira, Sousa Cintra e Luís Marques, justificando esse comportamento com o facto de o estádio pertencer à SAD e não ao clube. “Os membros da Comissão de Gestão nomeada pelo comendador Jaime Marta Soares, assim como o próprio, sabem perfeitamente – ou deviam saber – que, por decisão dos sócios do Sporting Clube de Portugal tomada em Assembleia-Geral em mandatos anteriores, o Estádio José Alvalade é da SAD e não do Clube. Por este motivo, não há qualquer razão legal e objetiva para que a Comissão Executiva da SAD permita, contra sua vontade, o acesso às suas instalações a pessoas que não sejam os seus funcionários ou seus convidados”, pode ler-se no comunicado emitido no site do clube.

No resto da missiva, a Comissão Executiva do Sporting volta a frisar não reconhecer legitimidade a Marta Soares como presidente da MAG, terminando desta forma: “A Comissão Executiva da Sporting SAD espera que, de futuro, as autoridades judiciais não venham a atropelar decisões que foram tomadas livremente pelos Associados em conformidade com os estatutos.” É caso para lembrar um hino de outros tempos: “Lá vamos, cantando e rindo/Levados, levados, sim (…)/Lá vamos, que o sonho é lindo!”