Parlamento. PSD isolado para criar comissão da natalidade.

As primeiras filas estavam cheias, mas a bancada laranja não conseguiu manter o debate com mais de  40 a 45 deputados na sala.

O PSD propôs esta quarta-feira uma comissão eventual para a natalidade, mas ficou a falar praticamente sozinho. O CDS elogiou os apelos ao consenso, mas a deputada Vânia Dias da Silva fechou o debate a defender: “Sejam bem-vindos ao debate. Espero que passem à ação”. Tanto o PS como o Bloco acusaram os sociais-democratas de querer retirar prestações a mais de 200 mil jovens. A proposta inicial dos sociais-democratas é a de avançar com as creches gratuitas e conceder 10 mil euros por filho.

“O objetivo é tornar este debate amplo e participado, sereno e racional, nacional e não partidário (…). O intuito não é o cercear a iniciativa dos partidos ou dos futuros programas eleitorais. Mas, ao contrário, facultar-lhes elementos adicionais de análise e informação que permita aprofundar as suas ideias", começou por pedir a deputada Clara Marques Mendes.

Na réplica, Idália Serrão, do PS, não poupou nas críticas ao responsabilizar o PSD pelo inverno demográfico: “Não lhes perdoo, nem eu, nem as famílias que viram os filhos sair de Portugal. Bem pode vir adjetivar sobre o inverno demográfico que a história não vos vai tirar esse papel”. A deputada recusou a criação de uma comissão eventual porque já existe um grupo de trabalho da parentalidade, do qual Clara Marques Mendes, faz parte. “Não se esquecam de comunicar este aspeto à vossa sede”. A frase da deputada socialista serviu para aproveitar a mais recente crise interna entre a direção da bancada e a direção do PSD.  As primeiras filas estavam cheias, mas a bancada laranja não conseguiu manter o debate com mais de  40 a 45 deputados na sala. Isto apesar de ter sido a primeira causa da nova direção do PSD, de Rui Rio.

O Bloco, pela voz de José Soeiro, considerou as propostas do PSD “manhosas” e lembrou que as soluções dos sociais-democratas apontam para um corte de quatro mil euros para famílias monoaprentais em três anos.

O PCP, pela voz de Rita Rato, sustentou que “o problema não é a falta de discussão ou diagnóstico, é a falta de vontade política para tomar as medidas certas”. Heloísa Apolónia contestou a estratégia do PSD por só ter apresentado uma proposta de comissão eventual e o CDS reclamou louros para as medidas de natalidade. Filipe Anacoreta Correia afirmou que “o facto de se trazer o tema da natalidade” significava que o CDS tinha razão. Os centristas apresentaram propostas há dois anos. O PSD bem tentou, pela voz de Clara Marques Mendes, ao consenso necessário  consensos, mas o debate acabou por terminar com muitas críticas e pouca margem para o diálogo.