MP vai investigar agressão racista no Porto

Jovem colombiana tem 21 anos e vive em Portugal desde os 5

O Ministério Público (MP) vai investigar a agressão racista a uma jovem colombiana na noite de 24 de junho, no Porto.

A Procuradoria-Geral da República confirmou ao jornal Público que já foi aberto um inquérito. Esta confirmação surge depois dos partidos PCP, PS, BE e PSD terem pedido ao Governo que avançasse com um esclarecimento e de a vítima ter feito ma queixa-crime na PSP.

O caso ocorreu numa paragem de autocarros do Bolhão, na noite de São João.  Nicol Quinayas, jovem colombiana de 21 anos que vive em Portugal desde os 5, acusou um segurança da empresa 2045 de a ter insultado e agredido fisicamente.

No vídeo divulgado na Internet, pode ver-se o homem a imobilizar a rapariga, obrigando-a a estar de cara para baixo. "Tu aqui não entras preta de m****, queres apanhar um autocarro, apanhas no teu país", diz o segurança. À volta, estão várias pessoas – que nada fazem – a gritarem e a insultarem o segurança.

Nicol tinha ido sair com as amigas e, quando tudo aconteceu, estavam as três junto à paragem do autocarro 800, no Bolhão, para voltar a casa, já depois das 05h00. Num entrevista à SIC, a jovem admitiu que passou à frente de várias pessoas que estavam na fila para o autocarro: “Quando cheguei, já tinha lá duas amigas. Elas estavam mesmo em frente à porta do autocarro e eu fui ter com elas. Algumas pessoas começaram a resmungar, a dizer que tinha passado à frente. Eu disse que voltava para trás e as pessoas disseram que não fazia mal, que era só mais uma”.

Pouco tempo depois, Nicol foi barrada pelo segurança: “disse para eu sair do autocarro e estava a ser muito agressivo, a fazer comentários racistas. A única coisa que lhe disse foi ‘o senhor não está bem, não tem de falar assim’. Ele começou a dar-me socos na face, argumentei contra ele e insultei-o e ele disse ‘voltas a insultar-me e ainda levas mais’. Eu nem consegui acabar a frase – ele deu-me logo dois socos”.

Segundo esta jovem colombiana, que vive desde os 5 anos em Portugal, a polícia nada fez quando chegou ao local: “ Não fui identificada por nenhum [polícia], ninguém me perguntou o que tinha acontecido”, recorda Nicol, que, a seguir às agressões se dirigiu ao hospital e apresentou formalmente queixa na PSP.